O discurso sobre depressão na revista Veja (1968-2010) em materialidades verbais e não-verbais : o triunfo dos efeitos de sentidos de medicalização

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2014
Autor(a) principal: Lunkes, Fernanda Luzia
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Não Informado pela instituição
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://app.uff.br/riuff/handle/1/10355
Resumo: Esta pesquisa, à luz da Análise do Discurso francesa (PÊCHEUX [1969] 1997, [1975] 2009; ORLANDI, 1998, 2001a; MARIANI, 1998), objetiva analisar os processos de produção de sentidos sobre depressão no discurso jornalístico de Veja, de 1968 a 2010. Para tanto, foram analisadas diferentes materialidades significantes (LAGAZZI, 2009), quais sejam, a textualidade e as imagens das matérias (PÊCHEUX, [1983] 2010), em que se buscou compreender o imaginário que vem sendo posto em circulação sobre depressão, sobre sujeito deprimido (enquanto posição discursiva construída no discurso jornalístico) e sobre medicamentos (antidepressivos, tranquilizantes e ansiolíticos). Para a construção do corpus empírico foi feito levantamento de reportagens, matérias especiais, entrevistas e breves notas publicadas em Veja no período selecionado. O termo ‘imagem’ comparece na pesquisa enquanto noção mais ampla e que abrange todas as materialidades não-verbais recortadas da revista Veja para análise, tais como fotografias, desenhos, entre outros. Para o levantamento do corpus preliminar, recorremos também ao arquivo virtual da revista, que disponibiliza todas as edições do período pesquisado. No trabalho de busca no arquivo virtual, buscou-se abranger diferentes regiões de memória sobre depressão, sujeitos com depressão e medicamentos. Alguns termos de busca foram: ‘depressão’, ‘medicamento’, ‘remédio’, ‘antidepressivo’, ‘tranquilizante’, ‘uso controlado’, ‘tratamento depressivos’, ‘depressivo’, ‘deprimido’, ‘ansiolítico’, ‘psiquiatria’, ‘psicanálise’. Optou-se também por nomes próprios de medicamentos, como ‘Prozac’ e ‘Lexotan’, por se entender que comparecem largamente no discurso médico, psiquiátrico e midiático e também em “objetos culturais” (DAVALLON, [1983] 2010). Em seguida, realizou-se o processo de recorte das unidades mínimas de análise, o texto (ORLANDI, 1996), sendo variadas as extensões (palavras, sintagmas, orações e imagens) e que correspondiam ao processo de textualização necessário à compreensão dos processos de produção de sentidos no discurso jornalístico de Veja. A análise da materialidade linguística está organizada em 4 macro-recortes que circunscrevem as seguintes marcas: 1) processos de designação; 2) títulos e subtítulos; 3) relativas explicativas e aposições; 4) discurso direto. Nas imagens (PÊCHEUX, [1983] 2010), os recortes buscam situar os processos de produção de sentidos sobre: a) o corpo do sujeito deprimido; b) o espaço a partir do qual tal corpo se mostra “enquadrado”; c) os especialistas que comparecem na Veja para opinar sobre depressão e uso de medicamentos; d) os medicamentos. Nossos gestos de leitura são de que tanto nas materialidades verbais como nas não-verbais é recorrente a construção de uma imagem valorativa sobre medicamento. Está em questão no discurso jornalístico de Veja um triunfo na produção de efeitos de sentidos de medicalização, que aponta amplamente para o que de mais hegemônico compareceu em nossas análises: o discurso sobre depressão no discurso jornalístico de Veja se faz pautado, sobretudo, em uma discursividade sobre medicamentos; estes comparecem com regularidade e sobre os medicamentos são produzidos efeitos de sentidos de um triunfo, solapando até mesmo uma discursividade sobre depressão