Poética de Las Sirenas: encantos da tessitura entre ciência e poesia

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2023
Autor(a) principal: Carvalho, Marcella de Paula
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Não Informado pela instituição
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://app.uff.br/riuff/handle/1/30401
Resumo: A presente dissertação tem como objetivo analisar a obra Poética de las sirenas (2017) dx escritorx argentinx de ficção científica T. P. Mira-Echeverría. Nesta novela, x autorx parte do conceito de ciência poética de Ada Lovelace para criar sua própria conceituação de poesia nucleica. Dessa forma, por meio de tal concepção, x autorx cria cientistas poetas, os quais fabricam, dentro da realidade, seres poemas feitos a partir do DNA. Nesse hibridismo entre biologia e poesia, celebram-se a poesia e a ciência como fontes de criação e vida, bem como se promove a reconfiguração de ambas. Construímos uma investigação a partir dessa riqueza conceitual e estética, analisando também o estilo new weird que se pode apreender da novela, caracterizado por mesclar áreas do pensamento e abrir o real a novas possibilidades. Ademais, a narrativa em questão se adequa ao gênero ficção científica, mas de modo muito peculiar, rompendo com a perspectiva tradicional norte-americana. Enraizando-se na linhagem latino-americana do gênero, a novela demonstra uma horizontalização de diversas maneiras de conhecer, transgredindo a suposta hierarquia entre ciência hard e soft, isto é, entre Exatas e Humanas. Além disso, podemos verificar na novela uma heterogeneidade, conceito formulado por Antonio Cornejo Polar a partir das contradições existentes na América Latina, tendo em vista, no caso do texto de Mira-Echeverría, a discrepância entre personagens derivada de diferenças de gênero e capacidade técnica. Assim, defende-se que a personagem Ada Blenders na novela, referência à Ada Lovelace- criadora da primeira linguagem de programação- e ao processo de “blend”, de recombinação gênica, sai da situação mais passiva de criatura, uma mulher poema, e passa a criar também, como espécie de Galateia, que emerge da arte para a vida. Buscou-se também demonstrar que o vínculo imperativo prescrito em seu DNA para relacionar-se com Rickman mostra a dicotomia entre liberdade e controle no mundo ficcional criado na narrativa, o que se pode estender também ao nosso continente latino-americano, que ainda luta contra a herança colonial. Por fim, a capacidade mais concreta de fiar ciência e poesia na novela não vem de Ada, mas de seu filho, Connelly (homem sereia), e de seu parceiro, o jornalista Benjamín, o qual, mergulhado em catábase devoradora, em contato com o caos-mundo -a substância encantada e viva do cosmo - tal qual Ariadne, pelo amor, leva ao renascimento de Connelly para além dos condicionamentos genéticos.