O golpe hoje: análise do discurso em comemoração ao 31 de março, na mídia, da tragédia de 1964 à farsa de 2019

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2021
Autor(a) principal: Dias, Luciano Sebastião Rodrigues
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Niterói
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://app.uff.br/riuff/handle/1/25056
Resumo: A presente dissertação analisa o discurso militar na mídia como parte da legitimação do golpe civil-militar de 31 de março de 1964 até 2019, já na vigência do governo Jair Bolsonaro. Na analogia feita por Karl Marx em O 18 de Brumário de Luís Bonaparte, é um momento na história que acontece como tragédia (1964) e se repete como farsa (2019). Acompanhamos o percurso do objeto discurso e observamos a articulação entre linguagem, ideologia, história, memória na produção de sentidos entre a tragédia e a farsa. Para tanto, definimos três corpora: a tragédia em 24 primeira páginas de O Globo, entre 19 de março e 13 de abril de 1964, e farsa em um vídeo de saudação aos 55 anos do golpe, divulgado pelo Palácio do Planalto, e o percurso midiático entre o golpe de 64 e o vídeo que o rememora, esse o corpus principal. Nosso objetivo é investigar o discurso militar atravessando e sendo atravessado pelo discurso jornalístico e o seu deslocamento para mídia em ambiente virtual e, através da leitura discursiva, verificar o deslizamento de sentidos para produção de efeito de verdade. Dois termos são centrais nessa disputa de sentidos: “golpe” e “Revolução” representam o embate ideológico pela verdade. Filiada à Analise de Discurso de orientação francesa, a pesquisa articula a AD com conceitos de autores do cotidiano e, ancorada em estudos sobre jornalismo, discurso científico e de Ciência Política, analisa o dito e o não-dito em enunciados materializados em notícias, editoriais e conteúdos não-jornalísticos. Assim, ouvindo a voz e o silêncio do discurso militar em O Globo, compreendemos que o sujeito jornal é interpelado pela mesma ideologia que o sujeito militar, revelando a ilusão do discurso da objetividade científica. Ouvimos também o sussurro do discuto militar no vídeo anunciando que a farsa de 1964 estava sendo montada em 2019.