Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: |
2024 |
Autor(a) principal: |
Moreira, Renato Simões |
Orientador(a): |
Não Informado pela instituição |
Banca de defesa: |
Não Informado pela instituição |
Tipo de documento: |
Tese
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Tipo de acesso: |
Acesso aberto |
Idioma: |
por |
Instituição de defesa: |
Não Informado pela instituição
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Programa de Pós-Graduação: |
Não Informado pela instituição
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Departamento: |
Não Informado pela instituição
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País: |
Não Informado pela instituição
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Palavras-chave em Português: |
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Link de acesso: |
https://app.uff.br/riuff/handle/1/33635
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Resumo: |
A presente pesquisa toma por base a experiência do autor como docente da Educação Básica em redes públicas do estado do Rio de Janeiro, em escolas localizadas em regiões periféricas, entre os limites da Zona Norte carioca e da Baixada Fluminense, desde o ano de 2005. O pesquisador testemunha não só os efeitos negativos da performatividade – uma prática tecnológica, cultural e regulativa que se serve de críticas, comparações e exposições como meio de controle de práticas e estímulo à mudança, marcadamente característica de uma educação excludente, de cunho neoliberal –, mas, também, as táticas contra-hegemônicas levadas a termo por docentes e discentes oriundas/os das camadas populares, aqui chamadas “manhas”, sob um viés freiriano, que nada menos seriam que formas de resistência popular desenvolvidas contra a invasão da cultura dominante sobre seus modos de ser e fazer no âmbito do cotidiano. Em busca de tais manhas – mecanismos de enfrentamento popular contra as pressões performativas oriundas de uma organização escolar seletiva e credencialista, afeita ao que Michael Apple chamou de “cultura de auditoria” –, a pesquisa tem como guia o paradigma indiciário de Carlo Ginzburg. Uma vez que se trata de um trabalho que se determina frente às demandas impostas pelos enclaves que emergem no campo, abraça-se o conceito de deriva, de Humberto Maturana, em busca da necessária flexibilidade para buscar indícios de práticas performativas ou manhas, cujo exercício de decifração para a construção de dados se apoia na hermenêutica de Hans-Georg Gadamer, de modo a ilustrar como a interação entre pesquisador e objeto transforma a ambos, na mesma medida em que os reconstrói e redefine, no espaçotempo desta pesquisa. A ferramenta utilizada para tecer reflexões sobre os dados produzidos são os quotidianos densos, de Manuel Jacinto Sarmento, e sua aplicação tem por finalidade não só uma metodologia para reconhecer a lógica que orienta a interposição de ações estratégicas performativistas, mas também filtrar os momentos que evidenciem as formas pelas quais as manhas desestabilizam a pedagogia de orientação neoliberal hegemônica, gerando um clinamen – um desvio, uma mudança nos rumos do cotidiano, escapando à previsibilidade, que favorece a manutenção da subalternização de sujeitos, e oportunizando acontecimentos outros, com potência variável, mas capazes de raptar aos fortes, aos senhores do poder proprietário, pequenas mas expressivas vitórias. A observação do corpo da pesquisa sugere que as manhas impetradas pelos sujeitos das classes populares, essencialmente ações táticas, como nos põe Michel de Certeau, são breves, reativas e fragmentárias; contudo, a tensão que impõem a uma organização curricular e avaliativa performativa daria espaço para a criação na escola pública de uma educação outra, preocupada com as aspirações das classes populares, e não somente voltada para as necessidades do capital e da mera reprodução social. |