Páginas golpistas: democracia e anticomunismo através do projeto editorial do IPES (1961-1964)

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2010
Autor(a) principal: Gonçalves, Martina Spohr
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Niterói
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://app.uff.br/riuff/handle/1/16891
Resumo: A dissertação tem como objetivo analisar a atividade de disseminação dos valores ideológicos do grupo multinacional e associado realizada no Brasil na primeira metade da década de 1960, através de empreendimentos culturais, mais especificamente a edição de livros. Compreendendo o golpe civil-militar de 1964 como uma conquista de uma fração de classe, decorrente do desenvolvimento de uma campanha de convencimento pautada por um determinado projeto hegemônico de sociedade, que acontece para resolver uma crise de hegemonia com objetivo de preservar a ordem ameaçada por esta, e não pelo estabelecimento de uma nova hegemonia, buscamos demonstrar que a conquista do poder não significou o estabelecimento de uma hegemonia plena – nos termos de Gramsci –, na medida em que não foi possível a obtenção do consenso intra e entre classes, refletido no recorrente uso do aparato repressivo ao longo de todo o regime (1964-1985). Nesta dissertação analisamos alguns livros publicados sob os auspícios do projeto editorial ipesiano. Os principais valores difundidos pelo projeto editorial do Instituo de Pesquisas e Estudos Sociais (IPES) foram o anticomunismo e um modelo de democracia isento de características consideradas "negativas" - a agitação sindical, o nacionalismo extremado etc. As características do mercado editorial e sua influência nos projetos desenvolvidos por editoras do período junto à divulgação de valores do grupo do capital multinacional e associado contribuíram para a construção do projeto hegemônico de sociedade difundido por este setor que expressou a aspiração por uma nova ordem, do ponto de vista de atores econômicos, políticos e militares críticos do sistema político praticado no Brasil desde 1946. Mais do que pregar a oposição ao governo João Goulart (1961-1964), procuram influenciar, pela propaganda de valores, a geração da qual sairiam os futuros dirigentes do país.