Refugiados: tensões em um imaginário de acolhimento

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2017
Autor(a) principal: Rizental, Sabrina Sant’Anna
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Não Informado pela instituição
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://app.uff.br/riuff/handle/1/3843
Resumo: A pesquisa de mestrado, que resultou nesta dissertação, propõe uma reflexão discursiva sobre como o estrangeiro que ocupa o lugar de imigrante refugiado diz de si, a partir do que é dito sobre ele, num imaginário de acolhimento atribuído ao Brasil. Ancorado na Análise do Discurso Francesa (AD), que tem como base os estudos de Michel Pêcheux e Eni Orlandi, este trabalho se volta para o discurso deste estrangeiro e o discurso da Cáritas Arquidiocesana do Rio de Janeiro, instituição que o acolhe nesta cidade, com o objetivo de analisar as tensões que comparecem neste imaginário de acolhida. O corpus foi constituído por alguns materiais, dos quais indicamos dois que serão analisados com mais vagar no capítulo 4: (i) um proferimento de Charly Kongo, imigrante refugiado da República Democrática do Congo e (ii) uma apresentação institucional da Cáritas RJ. Destas materialidades foram destacadas sequências discursivas cujas marcas linguísticas permitiram analisar diferentes funcionamentos nos discursos do imigrante refugiado e da instituição. As noções de sujeito, formações imaginárias, interdiscursos e também outras noções da AD foram mobilizadas, considerando as contradições inscritas nestes discursos. Assim, a análise do proferimento de Charly foca no funcionamento da designação e da imagem do imigrante refugiado, nas diferenças que surgem nos processos discursivos com o outro que habita o país e a cidade destinatária e nos discursos referentes ao trabalho do imigrante refugiado, tratando dos estereótipos e da alteridade, entre outras questões. Nos slides destacados da apresentação da Cáritas são analisados o conceito de refugiado, o acolhimento e as tensões na relação com o outro. Nos dois materiais há ampla utilização da negação. No proferimento, o sujeito primeiro nega para depois afirmar e significar o imigrante refugiado num imaginário de Brasil e de Rio de Janeiro como lugares acolhedores e abertos à diversidade. Na apresentação institucional, a negação comparece como aquela que produz sentidos de impedimento. Por fim, este trabalho possibilita compreender efeitos de sentido que podem ser produzidos pelos discursos do e pelos discursos sobre o imigrante refugiado neste imaginário. A pesquisa mostra que o Brasil acolhe, mas... É este mas – e outras marcas linguísticas − que se busca analisar para mostrar que o discurso do imigrante refugiado e o discurso institucional fornecem pistas que problematizam este acolhimento, bem como mobilizam sentidos sobre as tensões que surgem neste imaginário de Brasil como lugar de acolhimento para o estrangeiro em situação de fuga