Dos veces junio, Martín Kohan: uma leitura

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2014
Autor(a) principal: Costa, Máximo Heleno Rodrigues Lustosa da
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Não Informado pela instituição
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://app.uff.br/riuff/handle/1/11048
Resumo: Inscrevem-se em Dos veces junio1, narrativa do escritor argentino Martín Kohan selecionada como objeto de estudo nesta Dissertação, construções discursivas vigentes em um contexto social latino-americano referenciado na Argentina do século XX, entre os anos de 1976 e 1983, os chamados “anos de chumbo” da ditadura militar. A representação literária desse contexto histórico articula-se em torno da 11ª Copa do Mundo de Futebol realizada na Argentina em 1978. A narrativa de Dos veces junio situa-se nos dias 10 de junho de 1978 e 30 de junho de 1982 e se desenvolve em torno de um conscrito do exército argentino na busca de um capitão-médico capaz de responder à pergunta que abre o livro: “¿A partir de qué edad se puede empesar a torturar a un niño?”2 (2002, p. 11). No decorrer dessa busca, o escritor desenvolve uma narrativa que, sem se afastar do objeto ficcional e sem se esquecer de que o erro ortográfico (empesar) é a representação sintética da relevância da forma, torna visível o clima de exceção do período ditatorial vivido pela Argentina entre 1976 e 1983. O autor denuncia a naturalização da violência, que se manifesta na trama do romance por meio de personagens que atuam no Corpo Militar, enquanto a resistência ao regime ditatorial ganha visibilidade na personagem de uma guerrilheira grávida, presa e torturada. O caráter disciplinar apontado na pergunta se desdobra em diversas sequências de atos de opressão por parte das personagens representativas do Exército argentino que consideram o período como um estado de guerra, durante o qual todas as ações se justificam desde que sejam destinadas a eliminar o inimigo. No meio dessa luta para “salvar o país”, legitima-se o favorecimento dos detentores do poder. Martín Kohan recupera em Dos veces junio a “memória coletiva” de um determinado contexto histórico no trânsito do real empírico para o real ficcional, realizando a capacidade de denúncia do texto literário