Trabalhadores operários em construção: as (in) visibilidades constituídas nas/pelas práticas discursivas de natureza extensionista

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2020
Autor(a) principal: Pacheco, Hasla de Paula
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Não Informado pela instituição
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://app.uff.br/riuff/handle/1/12735
Resumo: Concebemos a formação do trabalhador em estreita relação com o mundo do trabalho, haja vista os embates proporcionados entre a lógica educativa de adaptação às necessidades da economia liberal e a lógica de uma formação como desenvolvimento das capacidades humanas para atuar em uma sociedade complexa. Diante desse cenário, a presente tese, inscrita nos estudos da Análise do Discurso de base enunciativa, objetiva analisar como se deu a construção discursiva do “não” perfil do trabalhador operário da construção civil, inserido no espaço das instituições federais de ensino superior, fora do âmbito da Educação básica. Para tanto, são analisados os editais do processo seletivo para concorrer às vagas em cursos de capacitação da área da construção civil, ofertados por duas ações, que a nosso ver, apresentam caráter extensionista, a saber: o “Programa de Estudos em Engenharia, Sociedade e Tecnologia” (PROGEST-CEFET/MG) e o “Projeto de qualificação de mão de obra” (CIPMOI/UFMG). Esses editais de seleção compõem o corpus desta pesquisa e para analisá-los, levamos em consideração a teoria da Semântica Global (MAINGUENEAU, 2008), em diálogo com noções de polifonia e fenômeno da negação em Ducrot (1987), além das referências sobre a extensão, tratados por Freire (1983), Rocha (1984), Nogueira (2005, 2000); Gurgel (1986) e Carbonari e Pereira (2007). Partimos do pressuposto de que o estudo discursivo por meio de gêneros discursivos nos permite não apenas “conhecer” os lugares em que se produzem, mas também localizar as regularidades enunciativas que indicam os efeitos de sentido produzidos, bem como revelam os modos de produção das subjetividades que emergem desses efeitos. Com base nas análises, consideramos que os editais analisados estão imbricados por representações exógenas, construindo endogenamente um “não” perfil operário a partir do que é demandado pelos cursos de capacitação de natureza extensionista em interlocução com o mundo do trabalho. Reconhecemos que a partir dessas regularidades, que se manifestaram de modo particular, há uma reconfiguração do gênero discursivo analisado depreendido pelo simulacro do “Edital clássico”. Um novo modo de ser deste gênero discursivo, que constitui a cenografia de um “Edital às avessas”. O trabalho com o corpus mostrou-nos que a constituição discursiva do CIPMOI e do PROGEST no espaço da extensão universitária e tecnológica produziram duas formas distintas de atuação na qualificação profissional e, a partir delas, diferentes maneiras de atuação na Extensão, permitindo-nos compreender como as subjetividades dos operários do canteiro de obras da Construção Civil são produzidas por essas práticas discursivas