Fora do lugar: bastardia e exílio em Dois irmãos, de Milton Hatoum

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2017
Autor(a) principal: Sampaio, Márcia Valéria Faria
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Não Informado pela instituição
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://app.uff.br/riuff/handle/1/3797
Resumo: Tendo como ponto de partida a obra Romance das origens, origens do romance, escrito por Marthe Robert, este trabalho analisa, num primeiro momento, Dois irmãos, de Milton Hatoum, enquanto romance familiar, levando em consideração seu contexto cultural, com o intuito de entender de que forma os conflitos familiares que permeiam a narrativa contribuíram, direta ou indiretamente, para a formação da personagem Yaqub, mais especificamente no que diz respeito à sua condição de bastardo. Propõe, então, repensar a definição da bastardia, buscando compreende-la na qualidade de condição existencial que, no caso de Yaqub, se caracteriza como consequência do exílio sofrido. Em seguida, sugere conceber a viagem como maldição quando a mesma assume um caráter punitivo. Para isso, fundamenta-se no livro Teoria da Viagem: poética da geografia, de Michel Onfray, onde a história bíblica de Caim e Abel serve de inspiração para que o autor teorize o que chama de gênese da errância, que vem a ser uma maldição “herdada” de Caim e que tem como pressuposto a percepção da essência punitiva da viagem. A ideia desenvolvida por Onfray contribui para uma análise mais ampla de Yaqub que, além de amaldiçoado pelo exílio, tal qual Caim, também carregou uma marca no corpo que serviu como memorial do ódio entre irmãos. Assim, este trabalho trata não apenas da busca por filiação e a aceitação social, mas também da inquietação com relação à própria origem, à perda de referências, à solidão, à dor pelo desenraizamento e ao sentimento de orfandade frequente no exilado