Avaliação da resposta inflamatória sistêmica em pacientes internados com a doença causada pelo coronavírus 2019 atendidos no Hospital Universitário Antônio Pedro no período pandêmico de 2020

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2022
Autor(a) principal: Guimarães, Gabriel Macedo Costa
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Não Informado pela instituição
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://app.uff.br/riuff/handle/1/26350
https://dx.doi.org/10.22409/PPG-Patologia.2022.d.13828256767
Resumo: Introdução: Desde o início da pandemia pela COVID-19, há uma busca por biomarcadores preditores de mortalidade. Estudos têm demonstrado que há uma relação direta entre o padrão de resposta imunológica exacerbada e a gravidade da doença. Hipótese: A infecção pelo SARS-CoV-2 está associada com alterações expressivas em parâmetros hematológicos e de coagulação, proteínas de fase aguda e mediadores inflamatórios sistêmicos. Neste sentido, um desequilíbrio significativo de mediadores inflamatórios circulantes indica pior prognóstico da COVID-19. Objetivo: Avaliar parâmetros hematológicos e de coagulação, proteínas de fase aguda e mediadores inflamatórios sistêmicos em pacientes internados com COVID19, correlacionando com os achados clínicos e desfecho. Material e Métodos: Estudo longitudinal prospectivo realizado com pacientes com COVID-19 no Hospital Universitário Antônio Pedro (HUAP). Os dados demográficos, clínicos e laboratoriais foram obtidos do prontuário dos pacientes e as amostras de soro foram coletadas durante o período de hospitalização para a quantificação sérica de mediadores inflamatórios por ensaio multiplex. Resultados: Estudamos 138 pacientes adultos hospitalizados com diagnóstico molecular positivo para infecção pelo SARS-CoV-2. A média da idade (±DP) foi de 59±17 anos e 54% eram homens. Destes, 39% (n=54) vieram à óbito. Os pacientes apresentaram diferentes comorbidades, como diabetes (n=41, 29%), doença cardiovascular (n=82, 60%) e doença renal crônica (n=23, 17%); além de complicações desenvolvidas durante a internação como sepse e insuficiência renal aguda. Na admissão, os pacientes com COVID-19 apresentaram alterações hematológicas como linfopenia e neutrofilia, aumento de ferritina sérica (P<0,0001) e proteína C reativa (P<0,0001). Identificamos também o aumento de CXCL-10 (P<0,0001), CCL-3 (P<0,0001), IL-1β (P=0,001), IL-2 (P=0,001), IL-6 (P<0,0001), IL8 (P<0,0001), TNF-α (P=0,0001), IL-1Ra (P<0,0001) e FGFb (P=0,001). De acordo com o desfecho (alta versus óbito), observamos leucocitose (P<0,0001), linfopenia (P<0,0001), neutrofilia (P<0,0001), aumento de bastões (P<0,0001), NLR (neutrophilto-lymphocyte-ratio) (P<0,0001), PT (P=0,01), aPTT (P=0,0007) e D-dímero (P=0,006) nos pacientes que tiveram óbito. Também, observamos que CXCL-10 (P<0,0001), CCL-2 (P<0,0001), CCL-4 (P=0,009), IL-6 (P<0,0001), IL-8 (P<0,0001) e IFN-γ (P=0,002) apresentavam concentrações mais elevadas nos pacientes que faleceram. Análises de curvas ROC demonstraram que a contagem de leucócitos, neutrófilos, bastões e NLR apresentaram maiores valores de área sob a curva (AUC=0,74-0,79), além disso, CXCL-8, CXCL-10 e IL-6 (AUC=0,83-0,86) foram os mediadores mais relevantes em predizer a mortalidade. A análise multivariada demostrou que o modelo B (AUC=0,89), que consistiu da inclusão de todos os parâmetros hematológicos e de coagulação, exceto as hemácias apresentou melhor desempenho quando comparado ao modelo A (AUC=0,88), segundo critérios de sensibilidade (84%) e especificidade (77%). Conclusões: Os parâmetros hematológicos, de coagulação, proteínas de fase aguda e mediadores pró-inflamatórios se encontram significativamente alterados em pacientes com COVID-19, principalmente nos que vieram à óbito, sugerindo um estado de hiperinflamação sistêmica