Impacto da resposta linfocitária no prognóstico do carcinoma de células escamosas de boca: avaliação histopatológica e imuno-histoquímica

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2020
Autor(a) principal: Leite, Ana Flávia Schueler de Assumpção
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Não Informado pela instituição
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://app.uff.br/riuff/handle/1/23353
Resumo: A resposta linfocitária do hospedeiro (RLH) presente no microambiente tumoral de carcinomas de células escamosas de boca (CCEB) vêm sendo alvo de pesquisas em busca de biomarcadores inflamatórios que possam atuar como fatores prognósticos adicionais que possibilitem um tratamento mais individualizado e um melhor prognóstico para essa doença. O objetivo desse trabalho foi avaliar o impacto prognóstico do infiltrado linfocitário em pacientes acometidos por CCEB, diagnosticados no Instituto Nacional de Câncer (INCA). Nesse estudo retrospectivo, as células CD4+, CD8+ e CD20+ foram avaliadas imuno-histoquimicamente, através de uma análise semiquantitativa, em 255 pacientes com CCE de língua e assoalho de boca diagnosticados e tratados cirurgicamente no INCA. A associação entre a imunoexpressão dos anticorpos e as variáveis sociodemográficas, clínico-patológicas, perfil do infiltrado inflamatório linfocitário na interface tumor-hospedeiro e classificações histopatológicas adotadas na literatura para o CCEB foram avaliadas através do teste do Qui-quadrado e teste exato de Fisher. Na análise de sobrevida, foram realizados os métodos de Kaplan-Meier, o teste log-rank e o modelo de risco proporcional de Cox. Homens brancos, com idade entre 41 - 59 anos, baixo nível de escolaridade, tabagistas e etilistas foram os mais afetados. Predominaram os tumores em estágio clínico inicial (I e II) (58%) e patológico avançado (III e IV) (78,4%), moderadamente diferenciados (87,5%) pela classificação da OMS, classificados como de risco intermediário (49,4%) pela Avaliação Histopatológica de Risco (AHR) e de alto risco (57,3%) no Modelo Brotamento tumoral e Profundidade de invasão tumoral (BP). Predominaram os casos com RLH do tipo forte, com alta imunoexpressão (>30%) de células CD4+ (54,5%) e CD8+ (63,5%) e com baixa imunoexpressão (<50%) de CD20+ (54,9%). A RLH forte apresentou associação com tumores localizados exclusivamente em língua (p£0,0001) e com margens tumorais livres (p=0,035). Houve associação significativa entre a alta imunoexpressão de CD4 com margens tumorais livres (p=0,016), pacientes que não apresentaram progressão da doença (p=0,050) ou segundo tumor primário (p=0,044). Observou-se associação estatisticamente significante da alta imunoexpressão de CD8 com alto CD20 (p£0,0001) e RLH forte (p=0,014). O anticorpo anti-CD20 demonstrou associação estatisticamente significativa entre a sua alta imunoexpressão com RLH forte (p≤0,0001) e entre a baixa imunoexpressão do CD20 e pacientes que vieram a óbito (p=0,003) e com tumores classificados como de alto risco pela AHR (p=0,004). Pacientes com RLH fraca (p=0,029), classificados como de alto risco pela AHR (p£0,0001) e baixa imunoexpressão do CD20 (p£0,0001) foram associados com baixa sobrevida global, dos quais AHR (p£0,0001) e a imunoexpressão do CD20 (p=0,002) permaneceram como uma variável de valor independente. Os linfócitos B CD20+ presentes na interface tumoral demonstram ser um fator prognóstico independente significante e um possível biomarcador para os CCE de boca. A diferença na imunoexpressão das células inflamatórias presentes no microambiente tumoral dos CCE de boca pode auxiliar novos estudos em busca de alvo para terapias imunes.