Reconstituição paleobiogeoclimática de áreas cársticas, arqueológicas e turfeiras na Serra do Espinhaço Meridional através de biomineralizações de sílica

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2020
Autor(a) principal: Chueng, Karina Ferreira
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Niterói
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://app.uff.br/riuff/handle/1/24753
Resumo: Esta tese pretende contribuir para a compreensão das condições responsáveis pela evolução da paisagem da Serra do Espinhaço Meridional (SdEM) ao longo do Quaternário através de análises multiproxies, como biomineralizações de sílica (fitólitos), análises granulométricas e datações por 14C-AMS. Três áreas foram selecionadas para a pesquisa, num total de 52 amostras de solo e sedimentos. Na Área 1, encontram-se cavernas carbonáticas (Gruta Pau-Ferro) e siliciclásticas (Gruta Monte Cristo). Na Área 2, localiza-se o Complexo Arqueológico Cabeças e na Área 3 uma Turfeira na Cabeceira do Rio Araçuaí. Na Gruta Monte Cristo, foram coletados 2 perfis, um com sedimentos no interior da gruta e um de Organossolo no exterior. Na Gruta Pau-Ferro, foi coletado um perfil de Neossolo Litólico. Na Área 2, foram coletados sedimentos no interior do sítio arqueológico Cabeças 4, além de um perfil de Organossolo próximo ao sítio. Na área 3, foram selecionadas amostras de 20 em 20cm no testemunho da turfeira Rio Preto, próxima à Cabeceira do Rio Araçuaí. O Os resultados foram relevantes para inferência de principais mudanças ambientais ocorridas na região. Nos ambientes cársticos (Gruta Monte Cristo e Gruta Pau-Ferro), os fitólitos se mostraram bem preservados e trouxeram respostas em âmbito geomorfológico e evolução das grutas. Na Gruta Monte Cristo, foi possível identificar origem alóctone dos sedimentos e dinâmica da redistribuição da alteritas através do primocarste entre 4440/ 4230 anos cal AP a 660 a 550 anos cal AP. Através da análise de fitólitos, também foi possível observar que não houve mudança na vegetação, sempre de campos rupestres. Os índices mostram um aumento de temperatura no decorrer do tempo e condições propícias para evolução da caverna. Na Gruta Pau Ferro, as análises fitolíticas indicam uma vegetação predominantemente aberta, embora atualmente em muitos locais é encontrada uma mata seca, o que pode interferir na formação e fitofisionomias de vegetação de maneiras distintas, caracterizadas essencialmente pela escassez de solo e pela condicionante edáfica. Nesta área é observado um episódio mais frio e seco entre 440 e 250 anos cal AP. No contexto arqueológico, a comparação dos fitólitos do Sítio Arqueológico Cabeças 4 com o Organossolo próximo ao mesmo mostrou similaridades dos resultados, indicando que os mesmos auxiliaram a compreender as condições paleoclimáticas propícias para as ocupações humanas ao longo de 14200/13850 anos cal AP a 800/680 anos cal AP. Na Turfeira Rio Preto, através da análise de fitólitos, foi possível definir 4 fases climáticas, sendo a área de estudo mais abrangente cronologicamente, desde 25.000 anos cal AP. Através desses resultados, foi possível observar que, mesmo em áreas diferentes, a tendência de 25.000 anos cal AP até os dias atuais foi a presença de períodos de oscilação entre diminuição e aumento de temperatura, assim como na umidade, finalizando com a temperatura mais elevada e umidade estável. Portanto, foi possível relacionar tendências climáticas locais e regionais numa perspectiva geocronológica, contribuindo para a reconstituição paleoclimática da Serra do Espinhaço Meridional, além de associar os resultados locais com outros estudos a nível regional, e com eventos globais a partir de 25.000 anos cal AP, englobando desde o Pleistoceno Superior (Upper) até 440 anos cal AP, o Holoceno Superior (Meghalayan).