Redes, Stásis e Estabilidade na Grécia Antiga: um estudo em cultura política

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2018
Autor(a) principal: Virgolino, Mariana Figueiredo
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Niterói
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://app.uff.br/riuff/handle/1/13378
Resumo: Nos últimos trinta anos, o estudo das sociedades ganharam novas dimensões com a renovação das abordagens em Teoria das Redes. O objetivo do presente estudo é perscrutar como, apesar de sua dispersão geográfica em três continentes -Europa, Ásia e África- as comunidades gregas criaram uma noção de identidade compartilhada, perceptível especialmente a partir da segunda metade do século VI a.C. Nesse sentido, pensamos as sociedades helênicas como compartilhantes não apenas de língua, cultos e noções de parentesco, mas também de experiências políticas e econômicas que foram fundamentais para a construção de ideias de pertencimento, criando assim uma comunidade imaginada helênica. Entendemos que, para a cristalização de identidades panhelênicas, insulares e locais a partir de 550 a.C, as redes formadas por legisladores, tiranos e santuários religiosos atuavam de forma dialética num contexto de competição aristocrática e busca por estabilidade interna. A fim de obterem eunomia -boa ordem- os gregos empenharam-se em estabelecer regras de conduta que apaziguassem as staseis (crises) de concentração fundiária, de forma que tiveram que questionar-se sobre participação política, regimes de governo, enfim, como bem viver em comunidade. A pólis arcaica se apresentava como um espaço liminar, aberto à experimentações e desenvolvimento de novos meios de integração entre seus componentes. A religião desempenhou um papel fundamental, pois dava azo a transformações ao mesmo tempo que construía uma ideia de tradição e continuidade histórica que permitia a elaboração de uma noção de estabilidade, o que era muito caro aos helenos dos séculos VIII ao IV a.C. O trabalho foi dividido em quatro partes: a primeira porção contém um capítulo que em si traz uma análise breve sobre como a pólis tem sido utilizada como conceituação que marca uma unidade para o mundo helênico e mostra como podemos entender a Hélade como um conjunto de sociedades ligadas por redes de trocas culturais. A segunda parte contêm três capítulos que atuam como estudos de caso, nos quais buscamos compreender as diferenças e similitudes que marcavam as póleis individuais e o conjunto pan-helênico. As identidades locais formam-se justamente no esforço de obter um destaque perante suas irmãs de língua, culto e hábitos sociais. Na terceira visa-se compreender as maneiras pelas quais os gregos buscaram apaziguar as crises vivenciadas no período arcaico e início do clássico: politicamente, vê-se que as trocas com o Oriente trouxeram para a Hélade não apenas imagens de luxo e riqueza, mas também a noção de tirania. No contexto religioso, vemos que a expansão do culto a Deméter e Koré, especialmente a partir do século VI a.C, constrói uma noção de estabilidade através do apelo ao trabalho na terra e na continuação social perpetrada pelos ciclo de nascimento e morte, bem como pelo estímulo da reprodução familiar legítima