Processos de construção de identidades étnicas e cívicas em Boa Vista, Roraima: o caso dos Ingarikó, os Kapon do alto Cotingo

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2024
Autor(a) principal: Monteiro, Paloma Abreu
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Não Informado pela instituição
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://app.uff.br/riuff/handle/1/34422
Resumo: Na presente etnografia, busquei descrever e discutir como ficam articuladas as noções de “cidadania” e de “indígena”, enquanto construções identitárias e categorias relacionais juridicamente definidas, representadas e acionadas contextualmente pelo Estado brasileiro, que resultam na explicitação de um padrão institucionalizado de tratamento jurídico desigual no plano da cidadania. Segundo critérios particularizados, não compartilhados publicamente, e hierarquizados conforme o status e a condição social dos seus sujeitos, procuro demonstrar que o Estado brasileiro segue organizado em lógicas que refletem uma continuidade colonialista, expressa por meio de práticas tutelares de acesso a direitos e discriminação da sociedade em segmentos sociais desiguais, de modo que a condição de “cidadão”, além de sempre naturalizadamente instável e transitória, frequentemente não configura uma experiência de igualdade social. Minha pesquisa se deu no contexto empírico das experiências em campo que pude desenvolver em Roraima, mais precisamente na sua capital, Boa Vista, onde morei entre agosto de 2018 e março de 2020, e na etnorregião Wîi Tîpî, território do povo indígena Ingarikó, nos limites da Terra Indígena Raposa Serra do Sol (TIRSS), onde participei como colaboradora em duas das suas Assembleias anuais, por eles organizadas. Tomando como ponto de partida a existência de uma “política externa” Ingarikó organizada para lidar com o Estado brasileiro, argumento que, a partir da descrição da complexa tradução e elaboração empreendidas pelos Ingarikó para lidar com a política karaiwa (“branco”), por meio de uma tradição epistemológica e ontológica própria, cujos objetivos são os de organizar e mediar suas demandas de acesso a direitos, ficam evidenciadas as práticas institucionalizadas, sistemáticas e naturalizadas do Estado brasileiro acima mencionadas, de modo que não se configuram como exceções ou corrupções incidentais, mas descrevem exatamente as regras do mundo cívico brasileiro.