Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: |
2023 |
Autor(a) principal: |
Santos, Anderson Luiz Machado dos |
Orientador(a): |
Não Informado pela instituição |
Banca de defesa: |
Não Informado pela instituição |
Tipo de documento: |
Tese
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Tipo de acesso: |
Acesso aberto |
Idioma: |
por |
Instituição de defesa: |
Não Informado pela instituição
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Programa de Pós-Graduação: |
Não Informado pela instituição
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Departamento: |
Não Informado pela instituição
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País: |
Não Informado pela instituição
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Palavras-chave em Português: |
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Link de acesso: |
http://app.uff.br/riuff/handle/1/28400
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Resumo: |
Este trabalho dirige o seu olhar para a Campanha Gaúcha (o espaço-tempo dos vastos campos e coxilhas ao sul do Rio Grande do Sul, que estabelece limites com o Uruguai e Argentina), enquanto espaço-tempo des-articulado no Brasil Meridional, que apresenta singularidades e diferenciações. A Campanha Gaúcha se notabilizou no contexto meridional pela formação do latifúndio pastoril (grandes estâncias), cujas forças materiais e representações, ofereceram a todos os gaúchos e gaúchas, uma profunda ressignificação de sua própria cultura, desde o espaço latifundiário. Por outro lado, a situação de crise econômica da estância denotou novos processos neste limiar de século, sobretudo com o avanço do agronegócio na região. Entretanto, seria reducionista restringir a experiência das vidas na Campanha através do espaço-tempo estanceiro e do agronegócio, ainda que suas forças sejam hegemônicas e dominantes. Nesse sentido, sob o enfoque do espaço-tempo geográfico enquanto multiplicidade e heterogeneidade amplia-se a visão da Campanha para muito além do latifúndio e do agronegócio. Assim, é possível perceber sua multiplicidade de sujeitos, desde seus territórios e territorialidades. Mas, dos alambrados das estâncias, das cancelas das fazendas se impõem as pechas da subalternização desta multiplicidade de sujeitos, tais como, peões e camponese(a)s- campeiro(a)s, gaúchos changadores, comunidades quilombolas e remanescentes indígenas, assentado(a)s da reforma agrária, trabalhadore(a)s das fazendas; homens e mulheres, negras, mestiças, brancas; entre “criolos” (aquele que é nativo da terra) e os que vieram de outras paragens a se associar ao seu repertório de estórias. Sob tais premissas, este trabalho põe em questão, os processos de subalternização dos sujeitos originários da Campanha Gaúcha em seus espaço-tempos e suas formas de r-existência através da construção territorial, frente a des-articulação imposta por um regime hegemônico-dominante, baseado no latifúndio da estância e do agronegócio. Problemática que se desdobra nos seguintes objetivos: a) enunciar os espaço-tempos de vivência da multiplicidade de sujeitos subalternizados na Campanha Gaúcha a partir de suas trajetórias de des-re-territorialização; b) discutir as subjetivações e expressões territoriais da subalternidade nesses espaço-tempos, frente às relações de poder instituídas; c) abordar a existência de mecanismos acionados pelos sujeitos para suportar os dilemas da subalternidade, ou seja, os dispositivos de r-existência delineados pelas territorialidades na construção de um território. Sob o enfoque desses objetivos, neste trabalho, apresentamos num primeiro momento, as orientações teórico-conceituais e metodológicas que guiaram o trabalho de pesquisa, a partir de uma encruzilhada de matrizes “epistêmico-políticas” no diálogo com os saberes dos sujeitos subalternos, bem como os desdobramentos reflexivo-interpretativos oriundos dessa abordagem, através dos quais foi possível compreender que os espaço-tempos por excelência de enunciação e vida da multiplicidade subalterna na Campanha Gaúcha são os rincões, os mesmos são os espaço-tempos mais invisibilizados e silenciados no mundo rural da Campanha Gaúcha, que se situam nos interstícios, nas margens, nas fronteiras do espaço-tempo latifundiário e agronegociante, compondo um micro-ordenamento territorial através de uma tessitura suportada. Esta interpretação resulta da reflexão sobre a Campanha enquanto formação territorial, sob o prisma das relações poder, marcadas pela colonialidade e pela mediação com as trajetórias dos sujeitos nos loci empíricos da pesquisa, os Rincões do(s) 28 e Rincão do Inferno/Paraíso localizados no extremo sul do munícipio de Alegrete. Neles se reiteram a força da multiplicidade espacial em seus processos de des-re-territorialização, que enunciam elementos de como os rincões conotam territórios em construção tecidos pela vida dos sujeitos, marcados, pari passu, pela subalternização e r-existência (uma forma resistir a partir de suas próprias existências, num contexto de múltiplos saberes e modalidades de ação inscritas nas suas territorialidades), frente as constantes iniciativas do regime hegemônico-dominante por manter e aprofundar a subalternidade. |