Efeitos da suplementação com probióticos sobre o perfil da microbiota intestinal e inflamação de pacientes renais crônicos em hemodiálise

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2016
Autor(a) principal: Borges, Natália Alvarenga
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Não Informado pela instituição
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://app.uff.br/riuff/handle/1/4621
Resumo: O uso de probióticos tem sido apontado como estratégia terapêutica promissora na disbiose intestinal presente nos pacientes com doença renal crônica (DRC). Os probióticos emergiram em um contexto no qual a microbiota intestinal se tornou fator importante envolvido na progressão e nas complicações da DRC. Assim, o objetivo deste estudo foi avaliar os efeitos da suplementação com probióticos sobre o perfil da microbiota intestinal e inflamação em pacientes renais crônicos em hemodiálise (HD). Neste estudo radomizado, duplo cego, placebo controlado, 46 pacientes foram recrutados na clínica Renal Vida/RJ para receberem probiótico (n=23; Streptococcus thermophilus, Lactobacillus acidophilus e Bifidobacteria longum - 90 bilhões de Unidades Formadoras de Colônias (UFC) por dia, ou placebo (n=23). Amostras de sangue e fezes foram coletadas no momento inicial e após 3 meses de intervenção. Marcadores inflamatórios plasmáticos como Proteína C-Reativa (PCR) e Interleucina-6 (IL-6),bem como os níveis plasmáticos de lipopolissacarídeos (LPS) foram analisados por ensaio imunoenzimático (ELISA). Os níveis plasmáticos das toxinas urêmicas indoxil sulfato (IS), p-cresil sulfato (p-CS), ácido indol-3-acético (AIA) e trimetilamina n-oxidase (TMAO), além dos compostos colina e betaína, foram obtidos por Cromatografia Líquida de Fase Reversa (RP-HPLC) e o perfil da comunidade microbiana das amostras fecais foi determinado através da Reação em Cadeia da Polimerase (PCR) e Eletroforese em Gel com Gradiente Desnaturante (DGGE). Foi realizada avaliação antropométrica e análise da ingestão alimentar através do recordatório de 24h de 3 dias. A análise estatística foi realizada através do programa SPSS 19.0. Permaneceram no estudo até o momento final da intervenção, 16 pacientes do grupo probiótico [11 homens, 53,6 ±11,0 anos, 25,3± 4,6 kg/m2, tempo em HD de 75,1± 53,9 meses] e 17 do grupo placebo [10 homens, 50,3 ±8,5 anos, 25,2 ±5,7 kg/m2, tempo em HD de 52,0 ± 44,7 meses]. Após a intervenção, o número médio de bandas avaliado pelo DGGE não se modificou (de 21,2 ± 4,9 para 22,4 ± 6,7, p=0,62). Observou-se aumento significativo, após suplementação com probiótico, nos níveis plasmáticos de ureia pré-diálise [de 149,6 ±34,2 mg/dL para 172,6 ±45,0 mg/dL (p=0,02)], potássio [de 4,4 ± 0,41 mg/dL para 4,8 ± 0,47 mg/dL (p=0,02)] e IS [de 31,2 ± 15,9mg/dL para 36,5 ± 15,0mg/dL (p=0,02)] e redução significativa do pH fecal [de 7,2 ± 0,8 para 6,5 ± 0,5 (p=0,01)]. Não houve alteração significativa dos níveis de PCR e IL-6.O número médio de bandas apresentou associação negativa com o pH fecal (r= -0,504; p= 0,02). Os níveis de ureia foram preditores independente do número médio de bandas (β= -0,25; p= 0,02). A toxina AIA correlacionou-se negativamente com hematócrito (r= - 0,416; p= 0,043) e foi preditora independente para os níveis de hemoglobina (β= -0,49; p= 0,05). Em conclusão, não se observou mudança no perfil micobiano intestinal e nos níveis de marcadores inflamatórios tradicionais com o uso de probióticos, no entanto, alterações observadas em parâmetros bioquímicos como ureia e IS sugerem que essa terapia pode ser contra-indicada em pacientes com DRC em HD. Além disso, as correlações encontradas reforçam o link entre microbiota intestinal e DRC