As casas: os sentidos de lugar diante das experiências de mulheres em São Gonçalo

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2024
Autor(a) principal: Azevedo, Rebeca da Rocha
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Não Informado pela instituição
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://app.uff.br/riuff/handle/1/35668
Resumo: A partir do município de São Gonçalo, localizado na região metropolitana do Estado do Rio de Janeiro, e entendido como a periferia dessa região, nos defrontamos com uma realidade que mesmo que 53% de sua população seja composta por mulheres, segundo dados do censo de 2022 do IBGE, elas ainda são pouco ouvidas. Na direção contrária a essa realidade vamos ao encontro do Movimento de Mulheres em São Gonçalo (MMSG), associação com 35 anos de história na luta pelos direitos de mulheres, crianças, adolescentes e idosos, das mais diversas cores, orientações sexuais e capacidades. A partir do contato direto com dois grupos de mulheres que compõem a instituição, as “associadas” e as usuárias do Vozes Periféricas, projeto que acontece na localidade do Conjunto da Marinha, este trabalho buscou pensar os sentidos de lugar que as casas das participantes podem comportar. Neste processo, trabalhou-se com metodologias participativas, entendendo que a proposta era de pensarmos juntas diante da relação lugar-gênero, optando pelas Rodas de Conversas e os Mapas de Relevo, ambos com o auxílio de fichas de perfil no início dos trabalhos. A primeira metodologia mostrou-se ser a mais apropriada uma vez que já era conhecida das participantes, garantia um “lugar seguro” para o diálogo e era coerente à proposta, em que todas podiam falar e serem ouvidas. A partir desses encontros, refletimos sobre como elas entendem o “ser mulher” e quais são as relações internas as casas que afetam seus sentidos, entre as quais destacamos o trabalho doméstico e a satisfação em relação a ele, considerando as realidades particulares de cada uma delas. O Mapa de Relevo se mostrou ser um método com algumas limitações e necessidades de adaptação, mas que diante da abordagem interseccional situada, ainda conseguia relacionar dimensões de poder e lugares. Nesta pesquisa, esse método revelou que para as participantes as casas são “Lugares de alívio”, assim como o MMSG. Contudo, o Complexo do Salgueiro, onde as participantes do grupo pertencente ao Vozes Periféricas moram, foi classificado por grande parte delas como um “Lugar de opressão”. Entendemos neste texto, que o Complexo do Salgueiro é um território marcado por territorialidades diversas e complexas, onde a presença do narcotráfico, a ocorrência de operações policiais e enchentes no período de chuvas fortes afetam diretamente as relações das moradoras com o território e com seus lugares. Assim, pensar as casas deslocadas dessa realidade não seria possível. Por isso, argumentamos que as casas são afetadas pelas territorialidades vigentes e igualmente pelas dinâmicas internas, como as relacionadas ao trabalho doméstico.