Avaliação da influência do microquimerismo feto-maternal na miocardite autoimune experimental murina

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2018
Autor(a) principal: Ribeiro, Roberto Stefan de Almeida
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Não Informado pela instituição
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://app.uff.br/riuff/handle/1/11878
Resumo: Introdução: No decorrer da gravidez ocorre um trânsito bidirecional de células de diversas linhagens, que podem ser detectadas varias décadas após a gestação no sangue e nos tecidos de indivíduos saudáveis. A passagem de células fetais para o organismo materno consiste no chamado microquimerismo fetal, o qual não tem seu papel totalmente esclarecido. A miocardite pode ser definida como a inflamação do miocárdio com consequente injúria tecidual. As suas causas variam desde efeitos citotóxicos de agentes infecciosos, resposta imunológica à infecção e/ou da ação de linfócitos autoreativos. Um dos modelos utilizados para estudar a miocardite consiste na imunização de linhagens susceptíveis de camundongos com miosina ou peptídeo cadeia alfa de miosina. Objetivo: Investigar a presença e influência de células de origem fetal no tecido cardíaco, de camundongos primíparas e multíparas de acasalamentos singenêicos e alogenêicos, submetidas a miocardite autoimune experimental. Material e Métodos: Camundongos fêmeas BALB/c foram acasaladas com machos BALB/c (acasalamento singenêico), C57BL/6 ou C57BL/10 GFP+ (acasalamento alogenêico). Foram formados dois blocos de experimento, o primeiro constituídos por fêmeas primíparas e o outro por fêmeas multíparas. Como controle foi utilizado fêmeas BALB/c nulíparas. As fêmeas foram imunizadas com 100μg do peptídeo cadeia alfa de miosina (MyHC-α614–629) associada ao adjuvante de Freund completo. Após quatorze, vinte e um, trinta e cinco dias após a imunização, foi mensurado peso, batimentos cardíacos, saturação de oxigênio e obtida amostra de sangue para determinação de anticorpos específicos anti-MyHC-α614–629. Os animais foram eutanaziados, coração e baço foram excisados para determinação dos índices cardíaco e esplênico. Fragmentos de coração foram dissociados e as células obtidas marcadas com anticorpo anti-H-2Kb e anti-Sca-1 para avaliação da presença de células fetais e de precursores da linhagem hematopoiética. Também foi realizada análise histopatológica para a caracterização e mensuração do infiltrado inflamatório. Resultados: Fêmeas nulíparas demonstraram intenso infiltrado inflamatório mononuclear, associado a fibroplasia, que se estendia do epicárdio até o miocárdio, e em alguns casos encontrava-se também no endocárdio. Focos de calcificação distrófica também foram observados. Já fêmeas primíparas apresentaram uma reação inflamatória menos intensa. Estes animais também apresentaram elevação da porcentagem de células Sca-1+ no coração. Todos os grupos demonstraram elevação dos índices esplênicos e da produção de anticorpos IgG anti-MyHC-α614–629, sendo que fêmeas de acasalamento singeneico apresentaram títulos de anticorpos menores que outros grupos. Fêmeas primíparas apresentaram um aumento da relação de linfócitos TCD4/CD8 em relação às nulíparas. Animais de acasalamento alogeneico apresentaram um aumento da porcentagem de células fetais em tecido cardíaco após a imunização. Não houve alterações na análise de sobrevida dos animais deste grupo. Na fase mais tardia do processo inflamatório estes animais demonstraram focos de fibrose, que foram mais intensos em fêmeas nulíparas. Fêmeas multíparas, também apresentaram um aumento do índice esplênico e dos níveis séricos de anticorpo IgG anti-MyHC-α614–629, entretanto a análise histopatológica deste grupo demonstrou somente um discreto infiltrado inflamatório mononuclear abaixo do pericárdio visceral nas fêmeas imunizadas. A expressão de Sca-1 apresentava-se elevada nas fêmeas acasaladas.Conclusão: Fêmeas de camundongos, após a parição, mantêm células de origem fetal que podem ser encontradas no tecido cardíaco, após a imunização com peptídeo da cadeia alfa de miosina. A reação inflamatória no coração é mais intensa nas fêmeas nulíparas. O conjunto de nossos resultados são sugestivos que a presença de células fetais contribui para uma resposta inflamatória menos intensa na miocardite experimental