Poesia, escrita insignificante: balbucio, desastre, apagamento

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2019
Autor(a) principal: Mello, Marcelo Reis de
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Não Informado pela instituição
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://app.uff.br/riuff/handle/1/22294
Resumo: Este estudo se propõe a operacionalizar a noção de escritas insignificantes, no âmbito dos estudos de poesia, com particular interesse pelos trabalhos de Stéphane Mallarmé, Paul Celan e Leïla Danziger. Por fim, analisamos também algumas “escritas ilegíveis” (Roland Barthes) que perturbam os limites estabelecidos entre o gráfico, o pictórico e o escritural: Nina Papaconstantinou, Irma Blank, Dadamaino. Nesse percurso, busca-se reconhecer que a poesia, sobretudo a partir do final do século XIX, é indissociável do desastre da escrita, na perspectiva de Blanchot (perda do astro). Essa é a perspectiva adotada em nossa leitura do poema “Tübingen, Janeiro”, de Paul Celan, que se encerra com o estranho balbucio de Hölderlin, em sua torre: Pallaksch Pallaksch. Em seguida, propõe-se uma breve análise de aspectos cruciais da poética estelar mallarmeana, cuja fragmentação da sintaxe está ligada à mesma impossibilidade de dizer o presente. Seguindo essa linha, analisamos a complexa relação do poeta com a escrita jornalística, que, se por um lado se manifesta nas violentas críticas à “universal reportagem”, por outro o leva à realização de um pretensioso projeto editorial, o periódico La Derniére Mode: Gazette du Monde et de la Famille. No trabalho da artista e poeta brasileira Leïla Danziger, identificamos o acolhimento dessa herança. O desastre da escrita, no seu caso, está diretamente relacionado à leitura daquele balbucio celaniano, sua “contra-palavra” (Gegenwort), inseparável também da perspectiva crítica de Mallarmé sobre os jornais. Isso se verifica em seus ensaios, poemas e, sobretudo, nas séries em que pratica uma “escrita corrosiva” ou “leitura extrativa” de jornais ultrapassados. Por fim, sugere-se a revisão e ampliação da genealogia de escritores “gagos” esboçada por Haroldo de Campos, na esteira de Gilles Deleuze (“uma literatura menor”). A partir dessa leitura da poesia como escrita insignificante – forma em expansão, irredutível à expressão de significados quaisquer – podemos aproximá-la tanto dos grafismos paleolíticos (abside de Lascaux) como de certas escritas indecifráveis da arte contemporânea, onde o que se revela, conforme Roland Barthes, é este “energon, um trabalho que oferece à leitura o que ficou de sua pulsão, de seu desgaste