Uma análise sobre os produtos comercializados como inseticidas botânicos na internet

• Ano de defesa: 2024
• Autor(a) principal: Souza, Jamilly Bignon de
• Tipo de documento: Dissertação
• Tipo de acesso: Acesso aberto
• Idioma: por
• Palavras-chave em Português: Produtos Naturais; Insetos vetores; Insetos pragas; Internet; Produção intelectual; Natural products; Vector insects; Pest insects
• Link de acesso: https://app.uff.br/riuff/handle/1/34977

Os insetos apresentam ampla importância econômica e ecológica, no entanto, determinadas espécies são consideradas pragas no mundo, além de atuarem como vetores de doenças. O uso extensivo de inseticidas sintéticos para o controle de insetos vem causando danos ao meio ambiente e à saúde humana. Desse modo, a busca por inseticidas de origem vegetal tem gerado interesse de estudos. Com a pandemia de COVID-19, a sociedade passou por grandes transformações, com adoção e fortalecimento de novos meios de consumo e rotinas familiares geradas pelo isolamento social. Novos hábitos foram inseridos e disseminados, como o cultivo de plantas em casa tanto ornamentais, quanto aromáticas e medicinais. Isso ocorre tanto pela busca de remédios caseiros, como pelos efeitos inerentes ao próprio cultivo de plantas, que pode trazer efeitos benéficos em âmbito gastronômico, no caso de consumo de temperos ou in natura, e também como hobby, auxiliando no controle do estresse e os transtornos de ansiedade e depressão. Com isso também cresce o consumo de produtos voltados aos cuidados dessas plantas, dentre eles os inseticidas. Dessa forma, é necessária a busca por defensivos que sejam mais compatíveis ao ambiente domiciliar e menos danosos à saúde. Nesse cenário, o comércio eletrônico (e-commerce) promoveu novo engajamento em ambientes virtuais, agregando cada vez mais adeptos, pela facilidade na busca, disponibilidade e aquisição de produtos e serviços variados. Sendo assim, o presente estudo visou avaliar as informações disponíveis em produtos indicados como inseticidas botânicos e comercializados na internet, a partir de pesquisas utilizando a aba “shopping” na página do Google e no Instagram. Os seguintes termos de busca foram utilizados de forma independente sem aspas: “Inseticidas naturais”; “Inseticidas de plantas” e “Inseticidas sem química”. Foram considerados para as buscas no Google os dias 12 de outubro de 2021 e 12 de janeiro de 2022 e para o Instagram, os dias 15 de dezembro de 2021 e 15 de março de 2022. Os 50 primeiros produtos foram selecionados e analisados. Os resultados evidenciaram a diferença expressiva nos produtos comercializados nas plataformas. As buscas realizadas no Instagram não exibiram resultados significativos para o estudo, visto que grande parte remetia a apenas a um produto. Considerando os resultados obtidos a partir das buscas realizadas na página do Google, as espécies vegetais mais utilizadas nas formulações dos produtos selecionados foram Azadirachta indica A. Juss, Carapa guianensis Aubl., Cymbopogon nardus (L) Rendle, Nicotiana tabacum L, Chrysanthemum abolinii Kovalevsk, Chrysanthemum cinerariifolium (Trevir.) Vis. e Citrus sinensis (L.) Osbeck. No entanto, mais de 50% dos produtos selecionados eram produtos sintéticos, ou seja, não apresentavam em sua composição nenhum tipo de espécie vegetal. Dentre os 300 produtos selecionados, apenas 39 apresentaram registro de um órgão competente. Os produtos agiam, principalmente, por meio de contato contra o inseto, e eram comercializados como Líquido concentrado, Líquido pronto uso e Spray. Além disso, os principais alvos dos produtos selecionados eram insetos considerados pragas agrícolas. A venda de produtos inseticidas na internet pode ainda representar risco ao consumidor, uma vez que ainda carece de regulamentação e/ou fiscalização. No caso de produtos inseticidas de origem vegetal, que representa uma alternativa relevante para o controle de insetos, o que se observou é que a sua aquisição deve ser feita de forma criteriosa a fim de evitar a compra de produtos diferentes dos que se deseja.