Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: |
2024 |
Autor(a) principal: |
Cavalcante, Carolina Miranda |
Orientador(a): |
Não Informado pela instituição |
Banca de defesa: |
Não Informado pela instituição |
Tipo de documento: |
Tese
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Tipo de acesso: |
Acesso aberto |
Idioma: |
por |
Instituição de defesa: |
Não Informado pela instituição
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Programa de Pós-Graduação: |
Não Informado pela instituição
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Departamento: |
Não Informado pela instituição
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País: |
Não Informado pela instituição
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Palavras-chave em Português: |
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Link de acesso: |
https://app.uff.br/riuff/handle/1/34651
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Resumo: |
Essa Tese tem por objeto a vinicultura no Vale do São Francisco e por objetivo a compreensão de como e por que a vinicultura se expandiu para o sertão nordestino. A resposta ao como e ao por que da produção de vinhos no Vale será fornecida partir de um referencial teórico institucionalista. O instrumental teórico da Economia Institucional permite considerar a questão para além da estrutura da demanda e da oferta de vinhos, possibilitando a compreensão da armação institucional que sustenta o mercado vinícola brasileiro. Embora regras informais como cultura, tradição, redes sociais, sejam importantes, destaque especial é dado às regras formais, implicadas na ação da CODEVASF, com suas políticas de irrigação, da EMBRAPA, que desenvolveu tecnologias no âmbito da vitivinicultura, do CEFET e de outras instituições de ensino, responsáveis pela formação de profissionais da área e, por fim, das organizações locais de produtores, importantes não apenas no aspecto político no que concerne ao maior poder de barganha, mas fundamentalmente na agregação e na troca de conhecimentos e habilidades. A expansão da vitivinicultura para o Vale do São Francisco tem a ver, dentre outros fatores, com a busca de um novo terroir para os vinhos brasileiros. Isso fica evidente nos projetos da Miolo Wine Group – Projeto Expressão do Terroir Brasileiro – e da Vinibrasil – New Latitude Project. Vinícolas como a Vitivinícola Lagoa Grande e a Vinícola Vale do São Francisco foram pioneiras nessa expansão da vitivinicultura brasileira para o Vale, aproveitando as políticas de irrigação para desenvolver os primeiros vinhos do sertão. Ineldo Tedesco empregou sua experiência em vitivinicultura no Rio Grande do Sul e nas vinícolas na qual trabalhou como enólogo para fundar, juntamente com sua esposa, a Adega Bianchetti Tedesco. As diferentes estratégias empresariais dos vinicultores que se instalaram no Vale do São Francisco explicam o porquê da vitivinicultura ter se expandido para essa região. O que possibilitou a instalação de uma indústria do vinho no Vale do São Francisco, que responde à questão de como essa atividade se expandiu para essa região, remete à evolução institucional do sertão nordestino. Após séculos de ausência de regras formais na região, no século XX surgem as primeiras organizações, como o IOCS, posteriormente o IFOC e o DNOCS, o BNB, a SUDENE, a CVSF, depois transformada em SUVALE e CODEVASF, a EMBRAPA Semi-Árido, as primeiras Universidades e, já no início do século XXI, organizações locais voltadas à vitivinicultura. Inicialmente com foco na questão das secas, as políticas dessas organizações evoluíram para um diagnóstico sócio-econômico mais preciso da questão sertaneja, em que os projetos de irrigação lançaram as bases para o desenvolvimento de atividades econômicas autônomas, não mais dependentes do centro dinâmico litorâneo, permitindo a fixação do sertanejo em suas terras. Com o estabelecimento das bases para a produção de uvas e de outras frutas no Submédio São Francisco, propiciada pelo envolvimento organizacional do Estado, e a iniciativa de vinicultores de outras regiões e até de outros países a vitivinicultura no sertão nordestino se tornou uma realidade. Atualmente uma atividade bem sucedida, a indústria do vinho na região do pólo Petrolina-Juazeiro mostra que a parceria entre o Estado, através da sua presença organizacional, e as empresas, potencializada pelo comprometimento da população envolvida e dos grupos políticos locais pode impulsionar atividades econômicas que não emergiriam espontaneamente da ação de grupos isolados. |