Monitoramento da utilização de antimicrobianos: uma contribuição para a segurança do paciente

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2025
Autor(a) principal: Bokehi, Luciana Castilho
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Não Informado pela instituição
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://app.uff.br/riuff/handle/1/36080
Resumo: A resistência a antimicrobianos é um problema de saúde pública mundial. Um dos fatores que está relacionado a esse fenômeno é o uso irracional destes fármacos. O gerenciamento do uso de antimicrobianos tem sido apontado como ação relevante para mitigar esse problema. Parte deste processo envolve a realização de estudos de utilização de medicamentos, ferramenta importante para avaliação do perfil de utilização e identificação das medidas prioritárias. Desta forma, o presente estudo objetiva avaliar a utilização dos antimicrobianos em três hospitais do Rio de Janeiro. A coleta de dados foi realizada, retrospectivamente, mediante avaliação das prescrições dos pacientes maiores de 18 anos internados nas unidades intensivas das instituições participantes, no período de outubro de 2021 a março de 2022. Foram avaliados a indicação terapêutica, dose, duração de tratamento, via de administração do antimicrobiano e total consumido mediante aplicação de formulário eletrônico hospedado na plataforma Google forms e transportados para uma planilha do Microsoft Excel®. Para a realização das avaliações foram utilizados os protocolos institucionais, bases de dados estabelecidas, além do resultado dos exames laboratoriais pertinentes (antibiograma e clearence renal). Através da análise dos dados, foi calculada a percentagem de utilização de cada classe de antimicrobianos para cada hospital. Os dados de consumo foram analisados e expressos mediante a Defined Daily Dose (Dose Diária Definida – DDD, Days of Therapy (Dias de Terapia – DOT) e Length of Therapy (Duração de Terapia – LOT). As ferramentas da estatística descritiva foram utilizadas para apresentação do perfil de uso e tipos de tratamento. A Classificação AWaRe da Organização Mundial de Saúde (OMS) foi aplicada para os tratamentos empíricos. A comparação dos dados entre unidades hospitalares e entre grupos de antimicrobianos foi realizada através do teste Qui-quadrado ou teste exato de Fischer. Foram avaliadas 4548 prescrições com antimicrobianos, associadas a 1049 tratamentos e 352 pacientes, que eram majoritariamente do sexo masculino e com idade média de 60,5 anos. As classes terapêuticas comumente mais utilizadas nas três unidades foram os carbapenêmicos, combinações de penicilinas com inibidores de beta-lactamase, fluoroquinolonas e polimixinas. Os tratamentos foram em sua maioria empíricos (69,5%), seguidos dos guiados por cultura (15,3%) e os profiláticos (15,2%). Os tratamentos profiláticos apresentavam adequação quanto a indicação em 86,8% dos casos, de dose em 79,7% e duração realizada em 70,3%. Os tratamentos guiados estavam associados a sensibilidade ao antimicrobiano prescrito em 56,2% dos casos. Conformidade com a literatura foi identificada majoritariamente ao se avaliar a dose prescrita (89,2%) e duração realizada (46,4%). A maioria dos tratamentos empíricos estavam de acordo com a literatura ao se avaliar indicação (81,3%), dose (85,3%) e duração realizada (38,2%). As inadequações de dose observadas nos três tipos de tratamento corresponderam a 1029 (22,6%) prescrições. A solicitação de cultura se deu em 69,1% dos tratamentos empíricos, sendo a coleta realizada antes da administração do antimicrobiano em 82,7%. Foi identificado pelo menos um microrganismo em 42,9% dos tratamentos. Em 29,6% os microrganismos foram sensíveis a terapia antimicrobiana prescrita. O ajuste da terapia prescrita fundamentada nos resultados de teste de sensibilidade foi realizado em 51,5% dos casos aplicáveis. Os antimicrobianos prescritos empiricamente pertenciam em sua maioria ao grupo Watch (67%), seguido do Access (20,2%) e do Reserve (12,8%). Os resultados apontam ações prioritárias pelos programas de gerenciamento das unidades e pelo farmacêutico, visando mitigar o uso irracional de antimicrobianos e reduzir a seleção de microrganismos resistentes e, consequentemente, promovendo da segurança do paciente.