Caracterização molecular e determinação da carga viral do calicivírus felino em amostras de conjuntiva e de orofaringe de gatos domésticos no Rio de Janeiro

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2017
Autor(a) principal: Pereira, Joylson de Jesus
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal Fluminense
Niterói
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://app.uff.br/riuff/handle/1/6153
Resumo: O Calicivírus felino (FCV) está associado à ulceração oral, a doenças respiratória e ocular e a quadros sistêmicos em felinos domésticos. O vírus apresenta uma grande variabilidade genética, o que resulta em falhas vacinais, ocorrência de animais portadores com infecção subclínica e a circulação de variantes virulentas com elevada taxa de mortalidade. Até o momento não foram descritas as variantes e genótipos que estão em circulação no estado do Rio de Janeiro ou se existe a associação entre carga viral do FCV e os sinais clínicos nos animais. O objetivo deste trabalho foi, portanto, realizar o isolamento, a caracterização molecular das variantes de FCV e a quantificação da carga viral em amostras de conjuntiva e orofaringe em gatos domésticos no estado do Rio de Janeiro. Para o isolamento viral e caracterização molecular, foram selecionadas 26 amostras de swabs conjuntivais coletados em 2013 e 2015. Para a determinação da carga viral foram utilizadas 76 amostras (38 de conjuntiva e 38 de orofaringe) coletadas em 2015. O isolamento viral foi realizado em células CRFK (Crandell-Reese Feline Kidney) seguido de extração do genoma e Reação de PCR precedida de transcrição reversa (RT-PCR) para as regiões conservadas A e B e variáveis C a E do capsídeo viral. Um total de 14 isolados apresentaram eletroferograma de qualidade para região conservada e oito para região variável do genoma. Para a região conservada, as amostras formaram dois grupos (I, II) e o grupo I foi subdividido em Ia e Ib com valor 1.00 de aLTR. A maioria dos isolados deste estudo agrupou no grupo Ia enquanto que a amostra RJ120/2015 agrupou no grupo II (valor de aLTR = 1) junto com a cepa vacinal F9 e outros dois protótipos. Na análise de região variável, as sequências também agruparam formando dois grupos (I e II) e o grupo II foi subdividido nos subgrupos IIa e IIb (valor de aLTR = 0,88). A maioria dos isolados deste estudo agrupou no grupo I onde a amostra RJ029/2013 agrupou num clado com o protótipo F9, dois isolados brasileiros e outros dois protótipos. As amostras RJ029/2013 e RJ120/2015 demonstraram uma relação muito próxima com F9 e foram consideradas variantes vacinais. Das duas, só a amostra RJ120/2015 foi oriunda de um gato vacinado. Em relação à qRT-PCR, seis (15,78%) swabs conjuntivais e 19 (50%) swabs de orofaringe foram considerados positivos. No momento da coleta, 22 animais apresentaram sintomatologia ocular e somente dois sintomatologia oral; 10 apresentavam sinais respiratórios, dos quais seis foram considerados positivos. Seis dos animais receberam, pelo menos, uma dose vacinal, dos quais dois foram considerados positivos. O número de animais positivos para FCV foi maior em amostras de orofaringe do que em conjuntiva. Cinco animais foram positivos tanto em swabs de conjuntiva quanto de orofaringe independente da presença de sintomatologia clínica. Quanto ao score ocular, não foi observado variação de carga viral em nenhum score. Sabe-se que FCV não é o principal agente causador de conjuntivite em gatos e a presença do vírus na conjuntiva poderia ser justificada pelo grooming realizado pelos gatos. No que diz respeito ao score oral, a carga viral de orofaringe foi maior nos únicos dois animais com score um. Seria necessário um estudo mais amplo com animais apresentando alterações em cavidade oral para confirmar este achado. Conclui-se, então, que para uma classificação filogenética do FCV é necessário o sequenciamento completo do genoma viral e é possível a detecção de variantes vacinais na população onde há gatos vacinados. O vírus não foi associado a quadros de conjuntivite ou sinais em cavidade oral, mas foi encontrado na conjuntiva e cavidade oral tanto de gatos sintomáticos quanto assintomáticos. Tal fato associado ao grooming em felinos explica a ampla disseminação do vírus na população.