Paulo Freire e África: colonialismo, libertação e educação em Moçambique

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2017
Autor(a) principal: Chemane, Orlando Daniel
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Não Informado pela instituição
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://app.uff.br/riuff/handle/1/15885
Resumo: O presente estudo tem como objetivo compreender as ideias de Paulo Freire sobre o colonialismo e a libertação na África e a sua possibilidade de ajudar na rediscussão do processo de emancipação do continente africano. Tal interesse nasceu a partir de um primeiro contato com as ideias do educador brasileiro que nos levou a conclusão de que Freire contribui decisivamente para uma reflexão pós-colonial relevante para África. Motivação alimentada também pelo fato de que no continente africano, o autor ainda é pouco estudado, incluindo Moçambique, e também pelo fato das questões e temas trabalhados pelo mesmo, ao longo de sua trajetória, terem uma similaridade com a realidade do continente africano. O estudo de Freire levanta a ideia de que o colonialismo, através de mecanismos da teoria anti-dialógica (como a conquista, a assimilação, a invasão cultural, etc.) causou um profundo fenômeno de “desafricanização” e, por isso, exige a necessidade de “reafricanização”. Para examinar esta ideia usamos uma abordagem qualitativa, através de uma pesquisa histórica e dialética diante da vasta bibliografia de Paulo Freire com especial atenção para a que ele escreveu sobre a África. Na segunda parte da tese, as ideias do educador brasileiro são confrontadas com a documentação histórica africana. Com a pesquisa, verificamos que o pensamento de Paulo Freire estrutura-se como uma importante base teórica para a discussão da questão colonial e da libertação na África que, a partir de sua experiência de trabalho e vivência no continente negro, produziu um discurso que se confunde com a visão de um africano. Por isso se denota que o seu entendimento em torno da necessidade de uma verdadeira “reafricanização” é uma recuperação da utopia dos primeiros revolucionários africanos de libertação para a formação do homem novo e mulher nova numa África contemporânea sedenta hoje de utopias e novas ideias. Ao confrontamos as ideias do educador pernambucano com a historiografia africana, chegamos a conclusão de que os líderes africanos que proclamaram as independências, com destaque para o caso de Moçambique, ao não terem valorizado, em dado momento, a cultura popular africana, tinham se afastado do sonho do povo, dos primeiros nacionalistas africanos (como Amílcar Cabral e Eduardo Mondlane) e também do próprio Paulo Freire, sobretudo, acerca da necessidade de uma verdadeira reconversão da “pequena burguesia” africana, da comunhão com o povo, para uma verdadeira “reafricanização” da comunidade africana como um todo