Acumulação de mercúrio em sedimentos de Igapó na bacia do Rio Negro, Amazônia

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2024
Autor(a) principal: Jesus, Cristiane Aparecida Fernandes de
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Não Informado pela instituição
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://app.uff.br/riuff/handle/1/33998
Resumo: A Bacia do Rio Negro (Amazônia) apresenta baixa incidência de garimpos de ouro, os quais são geralmente associados à elevada contaminação de mercúrio (Hg), embora este metal possa vir de outras regiões via transporte atmosférico. Por outro lado, evidências prévias têm sustentado a hipótese de ocorrência naturalmente elevada desse elemento na Amazônia. Outra ação humana que contribui para o aumento das concentrações de Hg na região é o desmatamento, o qual intensifica o transporte atmosférico do Hg emitido de áreas de queimadas por longas distâncias. O Hg transportado pode atingir tanto solos a partir da deposição seca e úmida quanto as águas de lagos e rios a partir da lixiviação e do escoamento superficial, acumulando-se nos sedimentos aquáticos. Entretanto, não há estudos anteriores de taxas de acumulação de Hg em sedimentos de florestas amazônicas inundadas, regionalmente denominadas igapós, que neste caso são de águas pretas. Desta forma, esse trabalho objetiva avaliar as taxas de acumulação de Hg em duas áreas de igapó da Bacia do Rio Negro, onde não ocorre desmatamento, mas são potencialmente afetadas pelo transporte de mercúrio por longa distância. Foram coletados testemunhos sedimentares (40 cm de comprimento) em 2015, os quais foram datados com 210Pb para obtenção da taxa de acumulação Hg. A concentração de mercúrio variou de 97 a 196 ng/g (estação de amostragem Lago do Boto, LDB-C) e de 108 a 187 ng/g (estação de coleta Lago do Arroz, LDA-C), enquanto a média de fluxo obtida nestes pontos de coleta foi 44 e 82 ng/cm2/ano, respectivamente. As concentrações de Hg tiveram uma ligeira tendência de aumento nas últimas décadas, mas os valores não indicaram que superaram os níveis naturais. O LDB-C apresentou uma queda no fluxo por um fator de 17 vezes a partir da década de 1930. Uma grande queda só ocorre no LDA-C dos anos 2000 para a década de 2010, por um fator de 4 vezes. Existem correlações negativas do fluxo de Hg com C e C/N e correlações positivas com o δ13C. Os resultados indicam que a queda dos fluxos nas últimas décadas está diretamente influenciada por uma maior concentração de carbono de fonte florestal, diluindo o fluxo nas camadas mais superiores. Os resultados sugerem um efeito de diluição pela matéria orgânica da floresta, afetando os fluxos e os estoques (sobretudo do igapó do LDB-C), como consequência de mudanças na densidade dos sedimentos, em função da maior concentração de matéria orgânica nas camadas superiores.