Saberes e práticas de clientes no cuidado com feridas: implicações para a enfermagem

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2014
Autor(a) principal: Chibante, Carla Lube de Pinho
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Niterói
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://app.uff.br/riuff/handle/1/880
Resumo: Trata-se de um estudo qualitativo, descritivo do tipo etnográfico sobre os saberes e práticas de clientes no cuidado com feridas em um ambulatório de curativos no município de Niterói, Rio de Janeiro. Seus objetivos foram descrever os saberes e práticas dos clientes no cuidado com feridas, identificar as práticas utilizadas pelos clientes no cuidado com feridas e analisar os saberes e práticas dos clientes no cuidado de feridas e suas implicações para o cuidado de enfermagem. A coleta de dados foi desenvolvida no período de janeiro a maio de 2014, mediante as técnicas de observação simples, observação participante e entrevista semi-estruturada seguida de análise de conteúdo. Foram realizadas 20 entrevistas, das quais emergiram os temas: desafios no cuidado em saúde, a ferida, o cuidado, o poder do profissional, práticas populares e o entorno do cuidado. Posteriormente, realizou-se a categorização, resultando em duas categorias: Os desafios no cuidado em saúde e os saberes e práticas dos clientes com feridas. Quanto à caracterização dos participantes: a maioria é do sexo masculino (70%), sendo (50%) casados, (30%) aposentados, com média etária de 53,25 ± 10,17 anos. Com relação à escolaridade 30% possuem ensino fundamental completo e ensino médio completo, respectivamente; 55% dos participantes possuem filhos cuja média é de 2,54 filhos. Quanto a presença de comorbidades, 41,6% são hipertensos e 25% tem diabetes tipo 2. Nas falas dos participantes da pesquisa foram identificadas dificuldades no acesso aos serviços de saúde e financeiras, restrições de locomoção. Nas entrevistas, quando perguntados sobre a história da ferida, os clientes falam sobre o início da instalação da ferida, a sua evolução e a busca pelo cuidado. Observou-se a associação de práticas com uso do tratamento alopático e das práticas populares. As práticas identificadas nas falas dos clientes com feridas incluíram o uso do saião em forma de pasta para colocar sobre a ferida para drenagem da secreção, a casca de caju e a casca da aroeira em forma de chá para banhar a ferida e auxiliar na cicatrização. Além disso, a fé e os hábitos alimentares também foram citados como formas de ajudar na cicatrização das feridas. A maioria dos clientes relatou conhecer plantas e chás no cuidado com a ferida, porém mostram desconfiança quanto ao seu uso não legitimado pelo saber científico. A visão fragmentada do indivíduo e ausência da visão integral da pessoa, reforça a dependência do sujeito ao preconizado no modelo assistencial vigente focado no que é informado pelo profissional de saúde. Entretanto, é importante que o cliente participe do cuidado, optando e escolhendo o melhor para si, o que favorece sua autonomia e independência na implementação do cuidado, mediante uma relação dialógica que possibilita a troca de experiências e o compartilhamento dos saberes entre quem cuida e quem é cuidado. Nesse sentido, considerar o cliente como protagonista da sua história aponta como desafios trazer à tona o potencial de conhecimentos advindos das suas experiências em um dado contexto sociocultural como subjacentes aos seus saberes e práticas no cuidado de feridas e, portanto, bases para a prática do cuidado de enfermagem a esses clientes