Reconstituição paleoclimática de zona de transição floresta-cerrado em Sinop (MT)

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2018
Autor(a) principal: Kury, Milena Souza
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Niterói
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://app.uff.br/riuff/handle/1/8597
Resumo: As respostas dos ambientes tropicais às variações climáticas passadas ainda não são bem entendidas, devido à limitação de registros paleoclimáticos. A distribuição e extensão de regiões de transição entre Floresta Amazônica e Cerrado, local onde está inserido o Lago Barro Preto do município de Sinop, estão possivelmente relacionadas com oscilações paleoclimáticas da região tropical. Com o objetivo de reconstruir as variações paleoclimáticas desta região marcadores geoquímicos (a saber: δ13C, δ15N e C/N) que discutam a origem da matéria orgânica sedimentar e os processos deposicionais predominantes no paleoambiente foram estudados durante o Holoceno Superior (últimos 3.100 anos) a fim de caracterizar a área de transição amostrada, contribuindo para complementar o mosaico de registros paleoclimáticos da Amazônia. Para a caracterização da ocorrência de paleoincêndios, foi feita a contabilização e caracterização de micropartículas de carvão. Os resultados mostram cinco fases de sedimentação: A fase V (3.100 a 2.245 anos cal AP.) caracteriza a transição de um Holoceno Médio mais seco, com influência de plantas C4 e baixa produtividade lacustre atestada por baixas concentrações de COT (média de 1,56 %) e de pigmentos sedimentares (média de 1 SPDU), para um Holoceno Superior mais úmido. De 2.245 a 1.600 anos cal AP. (fase IV) houve uma maior influência fitoplanctônica na matéria orgânica sedimentar com consequente maior produtividade lacustre indicado pela elevação dos valores de COT (média de 2,49 %) e de pigmentos sedimentares (média de 3,95 SPDU), representando o aumento da umidade. O aumento progressivo das condições mais úmidas foi interrompido por uma fase mais seca (Fase III entre 1.600 a 1.300 anos cal AP.) onde observa-se a redução dos valores médios de pigmentos sedimentares (3,63 SPDU) e de COT (2,92 %), acompanhados por um aumento dos valores de δ13C sugerindo um aumento da influência de plantas C4 durante este período. Estas condições, acompanhadas por um evento abrupto de sedimentação, podem ser resultado de uma maior ocorrência de eventos ENSO, como verificado em outros registros amazônicos. O retorno das condições mais úmidas é evidente ao longo dos últimos 1.300 anos cal AP. (fases II e I), onde os valores de COT atingem valor médio de 4,81 % e pigmentos sedimentares (6,31 SPDU), acompanhados por um C/N típico de matéria orgânica fitoplanctônica (11,48). O aumento de micropartículas de carvão na fase II, apesar de evidências da ocorrência de um clima mais úmido, indica uma crescente influência antrópica regional na paisagem.