Incêndios florestais e mudanças ambientais na Amazônia Sul: comparativo entre alterações recentes e registros paleoclimáticos.

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2010
Autor(a) principal: Rodrigues, Renato de Aragão Ribeiro
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Niterói
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://app.uff.br/riuff/handle/1/7775
Resumo: Nas últimas décadas os estudos e a preocupação sobre as mudanças climáticas transcenderam a esfera da ciência e ganharam destaque em outros campos, como política e economia. Diferentemente dos países desenvolvidos, onde a maior causa das emissões de gases de efeito estufa é a queima de combustíveis fósseis, em países em desenvolvimento que ainda possuem grandes áreas de florestas, como o Brasil, a maior causa é o desmatamento e os incêndios associados. Portanto, é de fundamental importância o desenvolvimento de pesquisas sobre a dinâmica e os efeitos dos incêndios florestais, principalmente na Amazônia. Nesse sentido, esse estudo teve como objetivo principal fazer uma comparação entre a freqüência e a intensidade de incêndios florestais em duas escalas de tempo: - decadal, através do estudo das mudanças do uso da terra na região de Alta Floresta, Mato Grosso; e – milenar, através do estudo paleoambiental e paleoclimático de uma região no sul da Amazônia (Lago do Saci, Pará). Para realizar o estudo das mudanças do uso da terra foram coletados 7 testemunhos (entre 30 cm e 82 cm) em áreas alagadas próximas a estradas, num raio de 50 km, 100 km e 150 km e em várias direções. Cada testemunho foi fatiado a cada 2 cm e foram realizadas as seguintes análises: teor de água e densidade, granulometria, carbono orgânico total, nitrogênio total, razão CN, 13C, 15N, contagem microscópica de partículas de carvão, elementos traço e maiores, mercúrio (separadamente) e datação por 210Pb. Foram analisadas também imagens de satélite do período de 1975 a 2008, com o objetivo de estudar o padrão de desmatamento na região e comparar com o registro de partículas de carvão dos testemunhos. Para o estudo de paleoclima e paleoambiente foi coletado um testemunho de 4 metros no Lago do Saci, sul do estado do Pará. Esse testemunho também foi fatiado a cada 2 cm e foram realizadas as mesmas análises feitas para os testemunho curtos (com exceção do método de datação, que foi 14C por AMS), além das análises de clorofila e mineralogia. Os resultados das imagens de satélite e das concentrações e fluxos de partículas de carvão nos testemunhos curtos mostraram que a região de Alta Floresta sofreu o desmatamento típico da Amazônia, com o modelo “espinha de peixe”, onde o processo é iniciado pela construção de uma estrada, e em pouco tempo se alastra a partir de um núcleo central. O testemunho coletado no centro da região mostrou freqüência e intensidade de incêndios superiores aos demais e a ação antrópica de mudança do uso da terra se mostrou muito mais severa do que os eventos naturais de incêndios florestais registrados em escala milenar no testemunho do Lago do Saci.