Crônica, o gênero. Entre as fronteiras do jornalismo e da literatura, o pós-humano nos textos cronísticos de Juan José Millás

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2019
Autor(a) principal: Oliveira, Fabricio da Silva de
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Não Informado pela instituição
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://app.uff.br/riuff/handle/1/10039
Resumo: Os avanços científicos e tecnológicos que vêm modificando cada vez mais os corpos, os saberes e as relações humanas são consequências do processo de individualização do homem, intensificado no decorrer dos séculos. Apesar de não ser novidade a presença da ciência e tecnologia como temática literária – desde quando criou Mary Shelley o monstro de Frankstein, considerado o primeiro personagem da ficção científica narrativa –, o escritor espanhol Juan José Millás, em suas crônicas publicadas no jornal e também em livro, propõe-se a (sobr)escrever (Julio Ramos), como uma espécie de divulgador científico, sobre o fenômeno pós-humano (Le Breton, Santaella) presente nas notícias e nos artigos lidos nas outras partes do jornal. No entanto, como ficcionista, não deixa de lado a criatividade, entrando no que chamamos de literatura fantástica contemporânea ou o fantástico da literatura em suas discussões sobre o fenômeno em questão, neste gênero fronteiriço entre a realidade e a ficção, entre o jornal e a literatura que é a crônica. Além do mais, nas crônicas de Cuerpo y prótesis, podemos pensar que os vocábulos que compõem o título do livro, cuerpo y prótesis, são metáforas da relação do autor com a escrita tecnológica do eu (Foucault), já que confessa Millás, senti-la, por vezes, como uma prótese sua, e, por outras, como ele próprio sendo uma prolongação artificial dela. Esta investigação se centra, assim, na análise da presença do fenômeno pós-humano nas crônicas selecionadas e, também, no aparecimento do monstro como metáfora do mal-estar do contexto histórico-social de produção destes textos cronísticos. Além disso, nota-se que uma certa tradição barroca reaparece nas obras manifestada no uso excessivo, isto é, distorcido da linguagem, nos estranhamentos, na cisão homem/corpo e no sentimento de (des)concerto do homem para com a vida e a ciência. Tomamos como noções críticas centrais o gênero crônica e o pós-humano (Julio Ramos, Andres-Suárez, Moisés, Le Breton, Santaella)