Cadeias globais de valor e o desenvolvimento dependente: mitos e realidades

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2025
Autor(a) principal: Oliveira, Pétala Rodrigues de
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Não Informado pela instituição
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://app.uff.br/riuff/handle/1/37389
Resumo: As Cadeias Globais de Valor (CGVs) constituem um sistema complexo de valor adicionado que promove distribuições desiguais de valor agregado, conhecimento, tecnologia e oportunidades de upgrading. Os elos da cadeia de produção são divididos entre atividades de maior e menor valor adicionado, nos quais concentram diferentes níveis de conhecimento e tecnologia, demandando trabalho de qualificações variadas que produzem diferentes níveis de remuneração salarial. A distribuição desigual das atividades baseadas em conhecimento intensifica a disparidade na divisão internacional do trabalho e favorece um movimento desigual dos países na fronteira tecnológica. Assim, o estágio no qual os países participam nas CGVs pode levar à deterioração das capacidades tecnológicas e aprisionamento dos países em desenvolvimento em atividades de baixo valor agregado. Diferentes formas de dependência foram construídas ao longo do processo de desenvolvimento dos países periféricos. A dependência na esfera produtiva, comercial e tecnológica influenciava diretamente a distribuição do excedente entre o centro (países avançados) e a periferia (países de renda média). A nova forma de dependência se assemelha à antiga quanto ao modo em que é conduzida: em termos de fluxos comerciais (dependência comercial), fluxos tecnológicos (dependência tecnológica) e lock-in de crescimento. Diante disso, esta tese buscou associar a dependência tecnológica à participação dos países nas CGVs, enfatizando o comércio de bens de alta tecnologia e serviços tecnológicos. Para tanto, realizou-se a análise do desenvolvimento dependente, isto é, a mensuração da dependência tecnológica a partir da geração de valor adicionado no comércio internacional, e do fluxo de comércio internacional de bens de alta tecnologia (tecnologia incorporada) e serviços tecnológicos (tecnologia não incorporada). Além disso, verificou-se a existência de upgrading ou downgrading social relacionados à integração dos países nas CGVs e no comércio internacional de tecnologia. Por último, estimou-se um modelo empírico utilizando dados em painel com efeitos fixos para investigar a causalidade entre a dependência tecnológica e a inserção em CGVs para todos os países da amostra e para América Latina e África no período de 2000 a 2018. Os resultados evidenciaram que nenhum país da amostra apresentou autossuficiência tecnológica. Os países com participação a montante nas CGVs mostraram-se menos dependentes de tecnologia estrangeira, mesmo possuindo uma parcela significativa de valor adicionado estrangeiro em suas exportações. Em contraste, os países que participam a jusante apresentaram um elevado grau de dependência tecnológica, sendo mais acentuado em países de renda média que exportam recursos naturais. O modelo de dependência tecnológica estimado para todos os países indicou que uma maior participação nas CGVs não conduz a uma menor dependência tecnológica. Para a América Latina e África, a participação nas CGVs tende a reduzir a dependência tecnológica, porém de forma pouco expressiva, contribuindo mais para o aumento da autonomia tecnológica e para o saldo do comércio de tecnologia. No que se refere ao upgrading social, as mudanças na situação de dependência tecnológica e na participação dos países nas CGVs não foram suficientemente preditivas das variações nos indicadores sociais.