Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: |
2017 |
Autor(a) principal: |
Gaio, Mario Luis Monachesi |
Orientador(a): |
Não Informado pela instituição |
Banca de defesa: |
Não Informado pela instituição |
Tipo de documento: |
Tese
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Tipo de acesso: |
Acesso aberto |
Idioma: |
por |
Instituição de defesa: |
Não Informado pela instituição
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Programa de Pós-Graduação: |
Não Informado pela instituição
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Departamento: |
Não Informado pela instituição
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País: |
Não Informado pela instituição
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Palavras-chave em Português: |
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Link de acesso: |
https://app.uff.br/riuff/handle/1/3678
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Resumo: |
A presente tese discute língua, cultura e sociedade e se insere no âmbito da sociolinguística. Interessa também a outros campos do saber dentro das ciências sociais e humanas, como a Sociologia e a Antropologia. O objeto da investigação é um processo complexo que parte do fenômeno do Contato de Línguas, perpassa os seus efeitos tais como language shift, convergência e empréstimos, prossegue até o efeito mais drástico, a perda total de falantes, e deixa um legado (trans)cultural através dos processos de etnicidade que estão em movimento. A composição multiétnica da população brasileira é profundamente marcada por traços culturais de diversos povos, entre os quais se incluem os italianos. A despeito do imaginário coletivo que associa imigração italiana aos estados do Rio Grande do Sul e de São Paulo, Minas Gerais e Rio de Janeiro também foram receptores de imigrantes provenientes da multifacetada Itália. A cidade mineira de Juiz de Fora foi o mais importante centro de triagem de imigrantes aportados no Rio de Janeiro com destino ao estado de Minas Gerais. Esses carregavam suas próprias identidades linguísticas e culturais, com implicações nas suas sensações de pertencimento que ultrapassaram as gerações. Os imigrantes, dialetófonos em sua maioria, mantiveram por alguns anos Comunidades de Fala difusas e complexas (COUTO, 2016b), mas preteriram suas línguas em favor da língua dominante, o português brasileiro. Contudo, seus ecossistemas culturais penetraram nos ecossistemas culturais locais e por eles foram penetrados, tornando seus descendentes sujeitos transculturais. Nesta perspectiva, o termo brasileirítalo é proposto para definir uma ressignificação dos termos ‘italiano’ (condição herdada) e ítalo-brasileiro (categoria hifenizada), ambos já preconizados nos estudos da área (LESSER, 2014). Imigrantes sempre se apoiaram em Redes Sociais (MILROY & MILROY, 1985; MILROY, 2007; BORTONI-RICARDO, 2011) para estabelecerem-se e estas se desfaziam ao longo do tempo pela natureza urbana do contexto de imigração estudado neste trabalho. Vez por outra surgiam Comunidades de Prática (WENGER, 2006 [1998]) motivadas pela italianidade, que agregavam cidadãos e descendentes num escopo comum. A identidade e a sensação de pertencimento (belonging) são aqui tratadas com aporte teórico em Brubaker & Cooper (2000); Bauman (2004); Jungbluth (2007; 2015); Pfaff-Czarnecka (2011); Anthias (2013); Dervin & Risager (2015). O Contato de Línguas e seus efeitos são analisados com base nos estudos de Weinreich (1968 [1953]); Mufwene (2008); Couto (2009); Savedra & Gaio & Carlos Neto (2015); Thomason (2001); Winford (2003). A transculturalidade é abordada a partir do conceito seminal de Ortiz (1999 [1940]) até chegar às definições de Welsch (1999), sobre as quais se apoia nosso trabalho. A perspectiva ecolinguística (COUTO, 2007, 2009, 2016a, 2016b, 2016c; MUFWENE, 2004, 2008, 2016; TRAMPE, 2016) encerra nosso arcabouço teórico e através dela investigamos uma específica Comunidade de Fala não mais existente que fora constituída por imigrantes. Esta pesquisa tem cunho qualitativo e teve suporte metodológico em Dodsworth (2014), Hoffman (2014) e Puskás (2009). A metodologia utilizada constituiu-se de aplicação de entrevistas semiestruturadas a descendentes de italianos. Como material de apoio foram aplicados questionários a líderes de associações ligadas à italianidade |