Do andar de bicicleta ao ciclista: a construção de um problema público em Niterói

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2025
Autor(a) principal: Correa, Aline Stefanie
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Não Informado pela instituição
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://app.uff.br/riuff/handle/1/37735
Resumo: A presente dissertação se propõe a fazer uma reflexão a respeito da utilização da bicicleta enquanto um problema público em Niterói. Partimos do postulado de que é preciso considerar que a disposição do espaço físico de certa forma representa a posição da bicicleta no espaço social. Para entendermos esta disposição, levamos em conta tanto o histórico político-institucional, considerando também a infraestrutura instalada, quanto aspectos morais e emocionais, que influem nos entendimentos que determinam a disposição material e comportamental do mundo social. O trabalho demonstra que o estabelecimento de novas ciclovias/faixas, o aumento dos ciclistas e campanhas de estímulo à utilização da bicicleta têm exigido uma mudança no padrão de comportamento durante os deslocamentos. Tal mudança não acontece de forma harmoniosa, pois tanto nas ruas quanto nas instituições públicas há um cenário conflituoso. Neste aspecto, a ação dos coletivos da cidade é fundamental, pois além de constituir comunidades morais, produz constrangimentos públicos que contribuem para remodelar comportamentos. A reivindicação dos coletivos de ciclistas não é apenas por espaço e reconhecimento na via, mas também por um tipo de condicionamento dos hábitos dos motoristas, que é entendido pelos empreendedores morais dos movimentos como benéfico para a sociedade como um todo. Mas, ao exigir mudanças restritivas, como a redução de velocidade nas vias, também tenciona ainda mais os conflitos entre modais. Assim, os comportamentos durante os deslocamentos vão sendo remodelados não pela simples existência de um código de conduta, mas pela ação de constrangimentos durante conflitos, gerando julgamentos e sentimentos em torno das condutas. Além disso, a análise de políticas voltadas para os deslocamentos na cidade mostra que seu entendimento precisa ir além do que a legislação prevê e da impessoalidade do “poder público”. Por trás destas abstrações há uma infinidade de conflitos entre agentes que buscam fazer de seus entendimentos a expressão do Estado, sobretudo entre a Nittrans e o Niterói de Bicicleta. Esta disputa, tanto na rua quanto nas instituições públicas, envolve tanto aspectos discursivos quanto materiais, sendo que o vocabulário e as emoções acionadas não podem ser ignorados. A inclusão da bicicleta em políticas de deslocamento está inserida dentro de uma discussão maior, que é a apropriação do espaço urbano. O que está em jogo não é apenas a inclusão e o reconhecimento do ciclista enquanto parte do trânsito, mas também a reivindicação de uma nova concepção da cidade e seus usos, presente tanto em textos legais, quanto na ação de coletivos da cidade. Esta discussão, latente em Niterói, requer o recondicionamento de práticas que não estão estritamente ligadas a presença do ciclista, mas também ao entendimento do papel do pedestre e ao comportamento dos motoristas. Desta forma, todos estes conflitos fazem parte de um processo civilizador que ocorre sobre os deslocamentos em Niterói.