Efeitos da dieta hipoproteica nos níveis de toxinas urêmicas de pacientes renais crônicos em tratamento conservador: o papel da microbiota intestinal

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2017
Autor(a) principal: Dreux, Ana Paula Black
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Não Informado pela instituição
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://app.uff.br/riuff/handle/1/7867
Resumo: Introdução: A dieta hipoproteica é uma das intervenções mais importantes para o paciente com doença renal crônica (DRC) em tratamento conservador, pela sua atuação na modulação da disbiose ntestinal, reduzindo o influxo para o plasma de toxinas urêmicas, tais como indoxyl sulfato (IS), ácido indol-3-acético (AIA), p-cresyl sulfato (p-CS) produzido pela microbiota intestinal. Portanto, o objetivo deste estudo foi avaliar os efeitos da dieta hipoproteica sobre o perfil microbiano intestinal, bem como sobre a geração de toxinas urêmicas em pacientes com DRC em tratamento conservador. Métodos: Trata-se de um estudo longitudinal, com 30 pacientes com DRC em tratamento conservador, acompanhados por 6 meses após intervenção nutricional com dieta hipoproteica. A adesão à dieta foi monitorada através do Equivalente Proteíco do Aparecimento de Nitrogênio (nPNA). Foi considerada adesão à dieta quando a ingestão de proteína estava entre 90 e 110% da quantidade prescrita (0,6g/kg/dia). A ingestão alimentar foi analisada pelo método de recordatório de 24 horas. Os parâmetros antropométricos, bioquímicos e perfil lipídico foram medidos de acordo com métodos padrão. As concentrações séricas de toxinas urêmicas (IS, p-CS, AIA) foram obtidas por cromatografia líquida de fase reversa (HPLC). As amostras fecais foram coletadas para avaliar o perfil da microbiota intestinal por meio da Reação de Polimerização em Cadeia (PCR) e da Eletroforese em Gel com Gradiente Desnaturante (DGGE). Os pacientes foram divididos em 2 grupos: pacientes com boa adesão à dieta (N=14) e pacientes que não apresentaram boa adesão à dieta (N=16). A análise estatística foi realizada pelo software do programa SPSS 23.0. Resultados: Pacientes com boa adesão à dieta (nPNA = 0,7 ± 0,2g/kg/dia) tiveram aparente melhora da função renal e apresentaram redução significativa das concentrações séricas de colesterol total e LDL-c (183,9±48,5 a 155,7±37,2 mg/dL, p=0,01; 99,4±41,3 a 76,4±33,2 mg/dL, p=0,01, respectivamente). Após 6 meses de intervenção nutricional, os níveis séricos de p-CS foram significativamente reduzidos no grupo com boa adesão à dieta prescrita [ de 19,3 (9,6-24,7) para 15,5 (9,8-24,1) mg/L, p=0,03] e, em contraste, suas concentrações foram aumentadas em pacientes que não tiveram boa adesão [ de 13,9 (8,0-24,8) para 24,3 (8,1-39,2) mg/L, p=0,004]. Não houve diferença no número médio de bandas de acordo com a técnica de DGGE, após intervenção nutricional (grupo adesão: de 29,2 ± 9,6 para 27,1 ± 4,2 bandas, p = 0,56; grupo não adesão: de 26,1 ± 6,8 para 28,3 ± 5,8 bandas, p = 0,36). No entanto, o número médio de bandas foi positivamente associado à ingestão de proteína (r = 0,44, p = 0,04). Além disso, utilizando a técnica de DGGE, observou-se mudança no perfil da microbiota intestinal após intervenção em ambos os grupos, mas não foi possível perceber similaridade entre eles. Conclusão: Além da melhora da função renal, a dieta hipoproteica pode ser boa estratégia para reduzir a produção de toxinas urêmicas produzidas pela microbiota intestinal. Estudos utilizando técnicas moleculares mais robustas são necessários para confirmar a eficácia da dieta hipoproteica na modulação da microbiota intestinal de pacientes com DRC em tratamento conservador