O efeito da terapia anti-retroviral na prevalência das manifestações bucais associadas à infecção pelo HIV/AIDS

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2006
Autor(a) principal: Santos, Cesar Werneck Noce dos
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Não Informado pela instituição
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
HIV
Link de acesso: https://app.uff.br/riuff/handle/1/11888
Resumo: As lesões bucais são fortemente associadas à aids, como candidíase, leucoplasia pilosa e sarcoma de Kaposi. Após a introdução da terapia anti-retroviral combinada, algumas lesões mostraram comportamentos diferenciados: sarcoma de Kaposi e candidíase têm sido associados à imunossupressão, enquanto lesões de glândula salivar associadas ao HIV e lesões papilomatosas foram relacionadas à lenta progressão para aids. Dessa forma, este estudo propõe-se analisar o efeito da terapia anti-retroviral na prevalência das manifestações bucais associadas à infecção pelo HIV em dois centros de referência no Rio de Janeiro. Foi realizado estudo epidemiológico retrospectivo dos prontuários dos pacientes HIV positivos atendidos no Hospital Universitário Clementino Fraga Filho e na Clínica de Estomatologia da Faculdade de Odontologia da Universidade Federal do Rio de Janeiro de 1988 a 2004. Foram coletados dados relativos ao tipo e local de lesões bucais associadas ao HIV; bem como sexo; idade; escolaridade; renda familiar mensal; nível socioeconômico; via de transmissão; histórico de infecções oportunistas associadas à aids; contagem de linfócitos T CD4; carga viral; tipo de terapia anti-retroviral; tabagismo; etilismo e uso de drogas. Para cada paciente, foram consideradas como entradas no banco de dados a data do primeiro exame clínico bucal, bem como quando observada nova lesão bucal ou em caso de alteração na terapia anti-retroviral. Para análise estatística, foram utilizados os testes estatísticos Qui-Quadrado e Qui-quadrado para tendência quando necessário (p<0,05). Foram analisados 1012 prontuários, resultando em 1230 entradas no banco de dados: 920 do sexo masculino e 310 do sexo feminino. Foram diagnosticadas lesões bucais em 45% dos casos, principalmente candidíase pseudomembranosa, candidíase eritematosa e leucoplasia pilosa. A terapia antiretroviral combinada foi associada a menor prevalência de lesões bucais, em especial candidíase pseudomembranosa, queilite angular, eritema linear gengival, úlceras inespecíficas e sarcoma de Kaposi. Pacientes com menores contagens de linfócitos T CD4 apresentaram maior prevalência de lesões bucais, principalmente candidíase pseudomembranosa, candidíase eritematosa, queilite angular, eritema linear gengival e úlceras inespecíficas. Em contrapartida, indivíduos com maiores contagens de linfócitos T CD4 tiveram maior prevalência de lesões papilomatosas. Ao longo do estudo, observou-se aumento na prevalência de mulheres, bem como de indivíduos com mais de 40 anos, menos de 8 anos de escolaridade e com menor nível socioeconômico. Houve redução na prevalência total de lesões bucais no decorrer dos períodos analisados, principalmente candidíase pseudomembranosa, queilite angular e sarcoma de Kaposi. Por outro lado, houve aumento na prevalência de lesões papilomatosas e doença de glândula salivar associada ao HIV. Nossos resultados refletem os fenômenos sociais associados à infecção pelo HIV na era da terapia anti-retroviral combinada: feminização, pauperização e envelhecimento dos pacientes. A introdução da terapia anti-retroviral combinada levou à redução na prevalência de lesões bucais, principalmente aquelas associadas à imunossupressão. Os aumentos nas prevalências de lesões papilomatosas e doença de glândula salivar associada ao HIV podem ser observados na população brasileira. A alta prevalência de lesões bucais e a facilidade de realização do exame bucal sugerem ser viável utilizar esse exame como forma auxiliar e de baixo custo no monitoramento do paciente HIV positivo