Avaliação da bioacessibilidade dos compostos bioativos nos subprodutos sólidos do café arábica (coffea arabica) produzidos no estado do Rio de Janeiro em diferentes vias de processamento

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2025
Autor(a) principal: Oliveira, Ingrid da Silva Pacheco de
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Não Informado pela instituição
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://app.uff.br/riuff/handle/1/36250
Resumo: O café ocupa uma posição de destaque na economia brasileira, sendo o maior produtor mundial de café arábica. Dois métodos principais são empregados para o beneficiamento do café: o método de via seca, que resulta na cascara, e o método de via úmida, que gera a polpa. No entanto, as grandes quantidades de subprodutos gerados na indústria cafeeira são um problema para agroindústria sustentável, pois parte significativa desses subprodutos são descartados inadequadamente no meio ambiente. O objetivo deste estudo foi caracterizar e avaliar a bioacessibilidade dos compostos bioativos dos subprodutos sólidos de café arábica produzidos no estado do Rio de Janeiro em diferentes vias de processamento. As amostras de subprodutos, RJ20, RJ22 e RJS22, obtidas de duas regiões serradas e safras diferentes no Estado do Rio de Janeiro, foram processadas e seus respectivos farelos foram obtidos. Foram realizadas as análises de composição centesimal e físico-química dos farelos. Os compostos bioativos e atividade antioxidante nos farelos, e nos farelos digeridos (obtidos após digestão gastrointestinal in vitro) foram avaliadas. Adicionalmente, foi avaliada a segurança microbiológica das amostras para verificar a sua segurança alimentar. A composição centesimal dos farelos de subprodutos de café arábica apresentou teores de fibras alimentares totais maiores que 50 % para todas as amostras avaliadas, teores de proteína vegetal na faixa de 10-11 % e baixos percentuais lipídicos de 1-6 %. Os parâmetros físico-químicos dos subprodutos do café apresentaram discrepância entre as amostras analisadas nos parâmetros de pH e acidez, no qual sugerimos uma relação com os tratamentos pós-colheita. Para quantificação dos compostos bioativos nos farelos, alguns parâmetros de validação foram avaliados, os resultados mostram que tanto a via de processamento, quanto a safra podem impactar nesses teores. A cafeína, alcaloide com elevada estabilidade, com potencial benefícios à saúde, e de importância para indústria ficou na faixa de 372-911 mg/100g. O 5-CQA, composto fenólico majoritário no café e subprodutos com importante potencial antioxidante, na faixa de 24,65-37,67 mg/100g, o ácido cafeico com propriedades semelhantes ao 5-CQA apresentou apenas traços nos farelos do processamento por via úmida, já para o de via seca apresentou 55,52 mg/100g. Os diterpenos, pouco descritos na literatura em subproduto de café, com propriedades antiinflamátória, anticancerígena, na faixa de 14,71-30,04 mg/100g para caveol e 17,73-117,21 mg/100g para cafestol, e os taninos além de apresentarem propriedades bioativas também possuem fatores antinutricionais importantes e ficaram na faixa de 1,77-2,19 mg/100g. Para avaliação da bioacessibilidade, após ensaios de digestão gastrointestinal in vitro, foi observado que após este processo, a quantificação de alguns compostos melhoraram, como no caso do ácido cafeico, possivelmente em função da ativação das enzimas ao logo do processo digestivo. A cafeína apresentou percentuais de bioacessibilidade dentro do relatado na literatura, com uma faixa de 96 - 112% entre as amostras avaliadas. O 5-CQA obteve uma baixa resposta de bioacessibilidade, e os diterpenos não se foi possível quantifica-los após a digestão. Os farelos de subprodutos do café apresentaram propriedades antioxidantes contra os radicais livres com teores de 149,95 – 221,58 μmol Fe2+/g para FRAP e de 307,00 – 361,38 μmol Trolox/g para DPPH, dentro do relatado em literatura. Todas as amostras apresentaram-se de acordo com os critérios microbiológicos de segurança alimentar. Os resultados obtidos abrem perspectivas para utilização desses subprodutos como possível ingrediente alimentar, o que poderia contribuir na redução dos impactos ambientais gerados pelo descarte inadequado.