A favela como vivência da cidade: consolidação e imaginários das favelas do Rio de Janeiro

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2025
Autor(a) principal: Nazareth, Miguel Bustamante Fernandes
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Não Informado pela instituição
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://app.uff.br/riuff/handle/1/37275
Resumo: A década de 1980 marcou a ampliação dos debates públicos sobre a consolidação das favelas cariocas. Com o fim das políticas de erradicação e início dos programas de urbanização, as materialidades e dinâmicas socioeconômicas das favelas se transformaram e as velhas contradições de sua inserção no cenário urbano assumiram novos contornos. Contudo, para além de realidades que aparentemente se tornaram mais diversas e complexas, as formas de representar a favela e imaginar o futuro da cidade também se modificaram. Atualmente, as favelas fazem parte da imagem que o Rio de Janeiro apresenta ao mundo, são retratadas na grande mídia como símbolo de resiliência e criatividade e se tornaram uma das principais atrações turísticas da cidade. Além disso, a favela é valorizada dentro de coletividades que se assumem como “crias de favela”, é enaltecida por diferentes grupos sociais que sublinham suas potências econômica, política e ideológica e, ao mesmo tempo, continua sendo atravessada pelas semânticas da precariedade e da violência. A proposta deste trabalho é investigar a favela como fenômeno da linguagem espacial carioca, mas dedicando especial atenção às relações entre as formas de representar a favela e de imaginar a cidade. A partir de uma reorientação fenomenológica do conceito de apropriação do espaço, procuramos refletir sobre a dualidade sujeitoobjeto implicada neste processo espaço-temporal. Assim, ao invés de considerar a consolidação como evento histórico pontual, determinado unicamente pela reorientação das políticas públicas pós 1980, seguimos a pista de buscar os sujeitos envolvidos nestas disputas imaginárias do Rio de Janeiro com ou sem favelas. Primeiro, realizamos um levantamento de representações históricas da favela para entender melhor como sua semântica espacial opera negociações e conflitos entre imaginários coletivos da cidade. Em seguida, apresentamos relatos de dez entrevistas realizadas com pessoas que atuaram em ações territoriais em favelas da Região Metropolitana do Rio de Janeiro nos últimos quatro anos. Sem a pretensão de compor uma amostra representativa de um todo, essas conversas nos permitem traçar paralelos entre imaginários recentes e representações históricas e repensar o velho embate entre formas de apropriar a favela que a esvaziam de suas ontologias e outras que a reafirmam como sujeito na apropriação da cidade. Enfim, acreditamos que este trabalho possa contribuir aos debates sobre as interações e conflitos entre imaginários plurais de cidade e outros que reinventam formas de reduzi-la a uma única epistemologia do progresso.