Minha vida é um bagulho doido: produção de existências na lógica produtiva da inexistência

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2023
Autor(a) principal: Santos, Luciane Tavares dos
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Não Informado pela instituição
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://app.uff.br/riuff/handle/1/28598
Resumo: Nossas histórias são mais coletivas do que individuais, ainda assim repletas de peculiaridades, (an)danças e (des)caminhos. Por isso, conversei com jovens de favelas cariocas e interroguei os modos como estão construindo outras redes diante de tantas perdas, mortes, ausências. Para além das dores, há também delícias, histórias que se emaranharam na minha e que me instigaram a problematizar modos como jovens de favelas constroem suas táticas de reconhecimentoexistência na lógica produtiva da inexistência por meio de espaços educativos como o Pré-Vestibular Popular Construção (PVPC ou Pré), sediado na Escola Politécnica de Saúde Joaquim Venâncio (EPSJV), Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), Manguinhos, Rio de Janeiro (RJ). Balizada pelas reflexões de Frantz Fanon, Lélia Gonzalez, Aquille Mbembe, Neusa Santos Souza, Lia Schucman, Judith Butler, dentre outros e outras, busquei na interseccionalidade dos marcadores étnico-raciais, classe, geração, gênero, territorialidade, os modos como a branquitude, o (neo)conservadorismo, as políticas de morte e a precariedade da existência afetam os corpos em favelas. Valendo-me de conversas com sujeitos que passaram pelo curso, incluindo redações realizadas entre 2018 e 2021, e experiências cotidianas de minhas práticas, produzi os dados que subsidiaram as reflexões desta tese. Com elas, conclui que jovens de favelas cariocas ocupam e fazem usos da escola e do curso em busca de reconhecimento de suas existências por meio da ascensão na sociedade de classes, via escolarização ou educação institucional, para fugir de um futuro precário, mas que isso não significa desalienação socioeconômica ou reconhecimento da condição de negrura; percebi em parte expressiva um alinhamento a discursos neoconservadores e neoliberais e avaliei que isto pode significar uma busca por reconhecimentoexistência. A adesão a uma norma que é branca fez e continua fazendo com que pessoas subalternizadas enxerguem a realidade de modo distorcido, ocasionando, por exemplo, o silenciamento no que tange ao racismo; contudo, o Pré apareceu como espaço de reencontro consigo à proporção que se encontramconfrontam com as demais pessoas que compartilham experiências semelhantes. Jovens de favelas cariocas seguem disputando nos cotidianos o singularismo da história contada sobre elas/eles com intuito de mantê-las/los em condição de subalternidade.