Espaço urbano e relações sociais de gênero, pertencimento étnico-raciais e classes sociais: uma análise da situação das empregadas domésticas em condomínios em Campos dos Goytacazes.

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2019
Autor(a) principal: Gualberto, Andreza Rohem
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Não Informado pela instituição
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://app.uff.br/riuff/handle/1/13341
Resumo: As cidades capitalistas são vividas, usadas e apropriadas de forma desigual conforme as classes sociais e entre as frações dessas classes a qual cada indivíduo pertence. Esse processo ocorre em distintos níveis, dos quais, buscamos compreender três fatores que consideramos cruciais para a compreensão do território usado: o gênero, a classe social e o pertencimento étnico racial. Pertencer ao gênero feminino, a classe social economicamente menos favorecida e possuir características afrodescendentes (físicas ou culturais) consubstanciam-se em espaço geográfico. Isso porque, o espaço não é neutro e não é vivenciado de forma igual por todas as pessoas e a sociedade ao qual abriga, é machista, racista e rejeita a dignidade aos pobres. Segundo Hirata (2014); Kegoat (2010), é fundamental que a análise dos fenômenos sociais seja feitas por meio da consubstancialidade, articulando-se classe social, sexo e raça como elementos indissociáveis e não hierárquicos. Mulheres e homens vivem o espaço de forma diferente assim como as classes sociais e os grupos étnico-raciais. Mediante a isso, essa pesquisa pretendeu analisar a vivência do espaço urbano para o grupo socioprofissional das domésticas. Grupo este composto 91,7% por mulheres, pertencentes a camada mais baixa do proletariado e 64,5% negras (IBGE, 2015). As dificuldades deste grupo na cidade são múltiplas: a condição de mulher e o pertencimento étnico racial agrega o fator medo de forma mais acentuada do que para homens brancos; as escolhas de locomoção e circulação pela cidade são definidas por estratégias de segurança e assim muitos lugares e horários são evitados; a condição econômica condiciona os locais de moradia e os meios de transporte utilizados e a participação da vida urbana como cidadãs. O recorte escolhido foi a apropriação da cidade pelo grupo socioprofissional das empregadas domésticas que trabalham em condomínio horizontais fechados de médio e alto padrão localizados na periferia da malha urbana de Campos dos Goytacazes. Essa escolha foi em virtude da riqueza de contraste entre o local de moradia e o local de trabalho deste grupo. Foram entrevistadas 10 empregadas domésticas que trabalham em nove condomínios horizontais fechados de médio e alto padrão. Entre as dez, nove delas se declararam pretas ou pardas. Todas são dependentes de transporte público e moradoras de periferias da cidade de Campos dos Goytacazes. A pesquisa evidenciou processos encrustados na sociedade brasileira como a cultura escravocrata que é parte da formação das cidades capitalistas brasileiras, com profundas segregações socioespaciais