Estudo fitoquímico e avaliação da capacidade neutralizante de Myrsine parvifolia sobre atividades biológicas provocadas pela peçonha de Bothrops sp

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2017
Autor(a) principal: Corrêa, Arthur Luiz
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Não Informado pela instituição
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://app.uff.br/riuff/handle/1/5477
Resumo: Acidentes envolvendo serpentes do gênero Bothrops são uma das principais causas de envenenamento no Brasil, e constituem importante problema de saúde pública devido as elevadas taxas de mortalidade e morbidade. A peçonha de Bothrops provoca danos teciduais locais e o processo inflamatório é uma das suas principais complicações. O tratamento preconizado pela Organização Mundial de Saúde para os acidentes ofídicos constitui na administração de soro hiperimune que neutraliza efeitos sistêmicos, mas não inibe o desenvolvimento de efeitos locais. Desta forma, a busca de tratamentos alternativos/complementares torna-se necessário. Este estudo tem como objetivo caracterizar os constituintes químicos dos extratos de Myrsine parvifolia e avaliar sua ação inibitória sobre os efeitos locais induzidos pela peçonha de B. jararaca e B. jararacussu. No presente estudo, foi determinada a composição química do óleo essencial de frutos e folhas de M. parvifolia e o perfil químico dos extratos bruto hidroetanólico, fração em hexano, fração em diclorometano, fração em acetato de etila, fração em butanol e extrato bruto aquoso de suas folhas. O teor de polifenóis, taninos e de flavonoides totais foi determinado por técnicas espectrofotométricas. As substâncias foram identificadas por técnicas cromatográficas e espectrométricas. A atividade antioxidante foi determinada usando os ensaios de sequestro do radical 1-difenil-2-picrilhidrazila (DPPH). Avaliou-se a capacidade dos extratos em inibir atividade proteolítica e coagulante induzida pela peçonha de B. jararacussu em modelo in vitro e a capacidade de proteção contra letalidade e redução do processo inflamatório (aumento da permeabilidade vascular, edema de pata e migração de leucócitos) induzido pela peçonha de B. jararaca em modelo in vivo. Inibição da proteólise e coagulação induzida pela peçonha de B. jararacussu foi verificada após pré-incubação da peçonha com os extratos (10:1). Camundongos suíços foram pré-tratados com extrato (100 mg/kg) uma hora antes da administração da peçonha de B. jararaca e submetidos ao ensaio de indução de letalidade, edema de pata, aumento da permeabilidade vascular intraperitoneal e pleurisia. Os principais constituintes químicos identificados no óleo essencial de folhas de M. parvifolia foram óxido de cariofileno (14,4%), β-cariofileno (12,6%) e γ-muuroleno (7,9%) e nos frutos β-cariofileno (11,7%) e δ-cadineno (7,1%). Os flavonoides miricetina, miricetina-3-O-β-arabinopiranosideo, quercetina e kaempferol foram isolados da fração acetato de etila. Terpenos, vitaminas liposolúveis e ácidos graxos foram identificados na fração em hexano e diclorometano. Todos os extratos inibiram atividade proteolítica (81-100%) enquanto que a coagulação induzida por B. jararacussu foi prolongada pelo extrato bruto hidroetanólico e fração em butanol. Verificou-se aumento da taxa de sobrevida entre os animais tratados com fração em acetato de etila (40%). Nos animais tratados com extrato bruto hidroetanólico e fração em diclorometano observaram-se redução do edema total (40 e 52%, respectivamente), redução do aumento da permeabilidade vascular (32,2 e 32,4%, respectivamente) e redução do influxo de leucócitos na cavidade pleural (42 e 39%, respectivamente). No grupo tratado com a fração em hexano observou-se apenas redução do edema (37%). A inibição de enzimas proteoliticas e prócoagulantes da peçonha de B. jararacussu e redução da inflamação induzida pelo envenenamento por B. jararaca, demonstram o potencial antiofidico de folhas de M. parvifolia, principalmente no controle da morbidade observada dos acidentes por serpentes do gênero Bothrops