Uso de fenóis de lignina como marcadores do carbono orgânico terrestre em um testemunho marinho do Atlântico Equatorial Oeste durante os últimos 18.000 anos.

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2024
Autor(a) principal: Gomes, Gabriela Souza
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Não Informado pela instituição
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
XRF
Link de acesso: https://app.uff.br/riuff/handle/1/35541
Resumo: A compreensão dos processos de transporte e soterramento que controlam o ciclo do carbono orgânico (CO) nas margens oceânicas influenciadas por grandes rios é crucial para entender as mudanças geoquímicas do passado. O estudo desses processos no sistema amazônico é de particular interesse nesse contexto, devido à sua grande dinâmica no transporte carbono orgânico terrestre (COterr) na interface continente-oceano. Neste estudo, foram utilizados fenóis de lignina (Vanilil, Siringil, Cinamil e p-Hidroxi), suas razões diagnósticas (S/V, C/V) e índices de degradação (Ad/Al)S, pBn/P e 3,5 Bd/V, como biomarcadores do COterr, além de dados de carbono orgânico total (COT) e de alta resolução das razões de Ti/Ca, Al/Si e Fe/K, para analisar a contribuição e preservação de COterr ao longo da última transição glacial-interglacial nos últimos 18 mil anos (Ka). Dessa forma, este trabalho teve como objetivo buscar compreender como os eventos de variação do regime hidrológico influenciaram a quantidade e qualidade do COterr durante a última oscilação glacial-interglacial no Atlântico Equatorial Oeste. Adicionalmente verificar como essas variações influenciam nos processos de transporte e soterramento do CO. O testemunho marinho GL-1251, coletado na Bacia Sedimentar da Foz do Amazonas, sob a influência da Corrente Norte do Brasil (CNB), revelou uma contribuição significativa de COterr durante o período Deglacial. Altos valores dos grupos fenólicos Siringil e Vanilil, associados à predominância de vegetação lenhosa, indicam um maior aporte de COterr para os sedimentos marinhos, acompanhado por altos valores de Ti/Ca e Al/Si, refletindo um maior aporte de sedimentos terrestres finos. A razão Fe/K, por sua vez, sugere uma maior presença de materiais intemperizados transportados pelos rios. Os resultados indicam que o soterramento do COterr foi mais eficaz durante o Deglacial, quando o transporte fluvial foi mais eficiente, e os compostos fenólicos da lignina sofreram menor degradação. Durante o Holoceno, foi observado um decréscimo nos valores de lignina e COT, assim como um aumento nos índices de degradação, indicando uma mudança na qualidade da MO terrestre e uma maior intensidade nos processos diagenéticos. A estabilização do nível do mar nesse período reduziu a entrada de COterr na plataforma continental, o que resultou em menores aportes de carbono nos sistemas marinhos. Entretanto, entre 6 e 4 ka, foram observados picos na razão Fe/K, sugerindo um aumento temporário na entrada de materiais intemperizados e nos processos de erosão nas áreas de drenagem. Esses picos podem estar associados a mudanças climáticas e hidrológicas que afetaram o regime de precipitação e o transporte de sedimentos para o sistema costeiro. No geral, o Holoceno apresentou maiores índices de degradação da lignina, refletindo uma maior intensidade nos processos diagenéticos e uma diminuição na eficiência de soterramento do COterr em comparação ao Deglacial.