Caracterização de Pseudomonas aeruginosa encontradas colonizando e/ou infectando pacientes queimados internados em um hospital público da cidade do Rio de Janeiro

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2016
Autor(a) principal: Silva, Keila de Cássia Ferreira de Almeida
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Não Informado pela instituição
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://app.uff.br/riuff/handle/1/3038
Resumo: Pseudomonas aeruginosa é um dos principais patógenos causadores de infecções graves em pacientes queimados, estando associado a elevadas taxas de mortalidade e morbidade. A alta plasticidade de seu genoma confere a este microrganismo a capacidade de tornar-se multirresistente a antimicrobianos, dificultando o tratamento devido à redução de opções terapêuticas. Este estudo teve como objetivo analisar 35 cepas de P. aeruginosa isoladas de pacientes queimados e da mesa onde era realizada a balneoterapia em um centro de tratamento de queimados (CTQ), determinando o perfil de resistência aos antimicrobianos, os fatores genéticos relacionados à virulência e resistência antimicrobiana, a capacidade de produzir biofilme e ação de biocidas sobre o mesmo, além de realizar tipificação molecular das cepas envolvidas. A suscetibilidade antimicrobiana foi verificada utilizando o método de disco-difusão, segundo os critérios do Clinical and Laboratory Standards Institute (CLSI). A pesquisa de genes de resistência que codificassem β-lactamases (blaPER-1, blaCTX-M, blaOXA-10, blaGES-1, blaVIM, blaIMP, blaSPM-1, blaKPC, blaNDM e blaSIM) e dos genes de virulência exoS e exoU, foi realizada através da técnica de Polymerase Chain Reaction (PCR). O teste fenotípico Carba NP, foi utilizado com a finalidade de detectar atividade hidrolítica enzimática à carbapenemas. A capacidade de formação de biofilme foi avaliada em placa para microtitulação e em cupom de aço inoxidável, sendo este último utilizado para verificar a eficácia de três agentes biocidas (hipoclorito de sódio 1%, peróxido de hidrogênio 5% e clorexidina 4%) na remoção dos biofilmes formados. As cepas foram tipificadas através da técnica de Multilocus Sequence Typing (MLST). De acordo com o teste de suscetibilidade antimicrobiana, foi observado um elevado padrão de resistência, com 71,5% (25/35) das cepas sendo resistentes a multidrogas (MDR). O maior percentual de resistência foi para o ciprofloxacino (94,3%; 33/35), seguido da gentamicina (88,6%; 31/35). Também foi observada resistência aos β-lactâmicos, inclusive à carbapenemas (22,9%; 8/35). Com relação aos genes de resistência pesquisados foi encontrado em 34,3% (12/35) das cepas o blaGES-1 e em uma única cepa o blaCTX-M. Nenhum gene codificador de carbapenemases pesquisado foi encontrado. Da mesma forma, nenhuma atividade hidrolítica enzimática ao imipenem foi detectada através do teste Carba NP, sugerindo que outros mecanismos de resistência possam estar envolvidos, como superexpressão de bomba e perda de porina de membrana externa (OprD). O gene de virulência exoS foi o mais prevalente estando presente em 71,4% (25/35) das cepas, enquanto o gene exoU foi detectado em 14,3% (5/35), porém todas as cepas que abrigavam este gene eram carbapenemas resistentes. Onze (31,4%) das 35 cepas, foram formadoras de biofilme utilizando a placa de microtitulação, sendo estas em sua maioria (81,8%) pertencentes ao clone A (obtido através de tipificação por PFGE em estudo prévio), o qual era o mais prevalente infectando/colonizando pacientes e contaminando a mesa de balneoterapia. A remoção do biofilme formado em superfície de cupom de aço inoxidável foi eficaz para os três biocidas testados (hipoclorito de sódio 1%, peróxido de hidrogênio 5% e clorexidina 4%), não havendo contagem de células viáveis das cepas analisadas após contato com os mesmos. A tipificação por MLST originou dois tipos de sequenciamentos novos, ST2236 e ST2237. Conclui-se com este estudo, que a redução de opções terapêuticas associada à presença de genes de virulência, pode agravar a situação destes pacientes. Assim como a presença de genes como blaGES-1 e blaCTX-M é preocupante, pois podem ser difundidas entre as demais cepas por transmissão horizontal, se não houver um controle adequado. Entretanto, o teste de remoção dos biofilmes mostrou que se a desinfecção for realizada de maneira correta, a contaminação cruzada entre pacientes pode ser evitada