Efeitos da caprinocultura sobre a diversidade taxonômica em comunidades vegetais na Caatinga

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2019
Autor(a) principal: Nunes, João Paulo de Andrade
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Centro de Ciências Biológicas e da Saúde - CCBS
Brasil
UFERSA
Universidade Federal Rural do Semi-Árido
Programa de Pós-Graduação em Ecologia e Conservação
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://lattes.cnpq.br/6230166128579147
https://repositorio.ufersa.edu.br/handle/prefix/11840
Resumo: O impacto da caprinocultura, do desmatamento e do histórico de uso das áreas sobre a diversidade taxonômica da Caatinga ainda é pouco compreendido. Nesse trabalho, visou-se avaliar os efeitos das atividades antrópicas sobre a diversidade taxonômica na Caatinga, mensurando a influência de distúrbios, como o pastejo de caprinos, o desmatamento e o histórico de uso dessas áreas, a fim de obter informações úteis para o manejo e a conservação dos recursos remanescentes. O estudo foi realizado em 15 fazendas localizadas nos municípios de Pedro Avelino, Angicos e Lajes, na Mesorregião Central, do Rio Grande do Norte, onde foram realizadas entrevistas com os proprietários, abordando questões quanto ao histórico de uso das áreas, principalmente às práticas agropastoris. A partir delas, calculou-se as cargas animais das áreas e classificou-se quanto ao desmatamento em antigo e recente. Nestas, realizou-se o levantamento da comunidade arbórea e herbácea através dos métodos de ponto quadrante e agulha. A seguir, calculou-se os índices de riqueza de Shannon e Simpson de cada área. Aplicou-se os modelos de regressão linear múltipla e de regressão quadrática para verificar a influência da carga animal, dos anos de pastejo e do desmatamento sobre os índices de diversidade mencionados. Para comparar possíveis diferenças na composição do estrato arbóreo-arbustivo e herbáceo entre as áreas, agruparam-se as espécies de forma hierárquica por análise de agrupamento a partir da matriz de dissimilaridade pela distância de Bray-Curtis. Encontrou-se para o estrato arbóreo um total de 6.300 indivíduos, distribuídos em 10 famílias e 23 espécies. As famílias Fabaceae, Euphorbiaceae e Apocynaceae foram as mais abundantes. Para o estrato herbáceo foram encontrados um total de 24 famílias e 69 espécies. As famílias Poaceae, Malvaceae, Fabaceae e Convolvulaceae apresentaram a maior riqueza. Os índices de diversidade de Shannon variaram entre 1,247±0,301 e o de Simpson entre 0,368±0,122 para o estrato arbóreo-arbustivo e 0,816±0,566 e 0,348±0,246 para as herbáceas. O índice de Shannon e Simpson das comunidades não é influenciada pelas variáveis carga animal, anos de pastejo, mas sofre influência do desmatamento. As análises de agrupamento mostraram a presença de três grupos distintos entre as áreas de estudo no estrato arbóreo-arbustivo. Os resultados indicaram uma riqueza muito baixa de espécies independente da intensidade de pastejo e do desmatamento. A influência na diversidade entre áreas sujeitas ao desmatamento em diferentes épocas, associadas a manutenção de uma riqueza baixa e dominância de espécies pioneiras, como a jurema-preta, sugerem um “estancamento” na sucessão da comunidade vegetal na região estudada. A diversidade não diferiu ao longo do gradiente de pastejo, o que provavelmente está relacionada aos valores relativamente baixos de carga animal das áreas de estudo, a ponto do pastejo não levar a redução da diversidade de plantas arbóreas. O pastejo de caprinos não influencia na diversidade de espécies das comunidades vegetais estudadas. A baixa riqueza de herbáceas pode estar relacionada à seleção de espécies por caprinos e ovinos e ao histórico de uso das áreas de estudo. As práticas observadas levaram a um estancamento da sucessão da estrutura vegetacional dos locais estudados. Conclui-se que a criação de caprinos, de fundamental importância para a região, deve continuar a ocorrer com práticas de manejo adequadas ao funcionamento do ecossistema