Análise sinótica e de grande escala de ondas de frio extremas no Sudeste do Brasil no século XX

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2021
Autor(a) principal: CAPUCIN, Bruno César lattes
Orientador(a): REBOITA, Michelle Simões lattes
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal de Itajubá
Programa de Pós-Graduação: Programa de Pós-Graduação: Mestrado - Meio Ambiente e Recursos Hídricos
Departamento: IRN - Instituto de Recursos Naturais
País: Brasil
Palavras-chave em Português:
Área do conhecimento CNPq:
Link de acesso: https://repositorio.unifei.edu.br/jspui/handle/123456789/2466
Resumo: O século XX foi marcado por várias ondas de frio intensas no Brasil. Devido aos impactos dos extremos frio para a saúde pública e agricultura, este trabalho teve como objetivo investigar 12 episódios ocorridos no Sudeste do Brasil entre os anos de 1961 e 2017, além de um estudo de caso para um desses eventos, que ocorreu no ano de 1985, devido a sua magnitude e duração. Para tanto, utilizaram-se os dados da reanálise do ERA20-C a fim de elaborar os campos sinóticos, composições e para a aplicação do ray tracing. Com relação aos padrões sinóticos dos 12 eventos, há uma similaridade da estrutura das ondas na atmosfera superior que, em geral, apresentam cristas amplificadas no oceano Pacífico Leste e cavados amplificados sobre a América do Sul (AS). Esse padrão de onda é importante para direcionar o escoamento de sul para norte nos baixos níveis, gerando advecção horizontal fria na Região Sudeste. As composições da anomalia da altura geopotencial em 250 hPa mostram um trem de ondas de Rossby que parte do centro-leste do oceano Pacífico Sul em direção a AS dois dias antes do máximo extremo frio no local de estudo. A análise do ray tracing corrobora com as composições e revela que a região fonte das ondas planetárias de número 2 e 3 é a parte centro-leste do oceano Pacífico Sul. Sugere-se que as cristas que se amplificam do oceano Pacífico Leste em direção à Patagônia e, posteriormente, para o oceano Atlântico Sudoeste, são uma resposta aos eventos da quebra da onda de Rossby que ocorrem nas longitudes da AS. Os resultados obtidos para a onda de frio de 1985 mostram que a amplificação de uma longa já existente sobre o continente sul-americano contribuiu para um padrão de bloqueio, o que explica os dias consecutivos de advecção fria no Centro-Sul do Brasil e, consequentemente, na Região Sudeste. Isso porque, a estrutura de bloqueio nas longitudes da AS - forçada a partir de uma perturbação no trem de ondas do Hemisfério Sul (HS) gerada no oceano Índico - estabeleceu um campo bárico dipolo no oceano Atlântico Sudoeste, caracterizado por uma alta de bloqueio nas Ilhas Malvinas e uma baixa pressão na costa leste da Região Sul do Brasil. A atuação de ambos os sistemas intensificou o gradiente de pressão que direcionou os ventos de sul/sudeste no interior do continente por vários dias. A persistência dessa configuração atmosférica gerou recordes de temperaturas mínimas e uma ampla área coberta por geada em diversos estados, incluindo o registro de neve no Pico das Agulhas Negras, dentro do Parque Nacional de Itatiaia.