Temperaturas cardinais e modelagem do desenvolvimento inicial de duas espécies florestais sob clima presente e futuro

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2023
Autor(a) principal: FAGUNDES, Flávia Fernanda Azevedo lattes
Orientador(a): MARTINS, Fabrina Bolzan lattes
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal de Itajubá
Programa de Pós-Graduação: Programa de Pós-Graduação: Mestrado - Meio Ambiente e Recursos Hídricos
Departamento: IRN - Instituto de Recursos Naturais
País: Brasil
Palavras-chave em Português:
Área do conhecimento CNPq:
Link de acesso: https://repositorio.unifei.edu.br/jspui/handle/123456789/3543
Resumo: Os aumentos da temperatura do ar projetados ao longo do século XXI podem impactar na dinâmica do desenvolvimento inicial das espécies florestais, principalmente daquelas localizadas em hotspots de mudanças climáticas persistentes. Para lidar com tais ameaças é fundamental conhecer os limiares térmicos, avaliar o desenvolvimento em condições de clima presente e identificar os impactos, assim como avaliar a viabilidade financeira para produção de mudas em condições de clima futuro. Esta dissertação objetiva: i) estimar as temperaturas cardinais e o requerimento térmico, para o desenvolvimento inicial de duas espécies florestais nativas brasileiras - Cybistax antisyphilitica (Mart.) Mart. e Platycyamus regnellii Benth - usando dados de múltiplas datas de semeadura, ii) calibrar e avaliar o desempenho de ambos modelos de desenvolvimento – Filocrono (FIL) e Wang e Engel (WE) - em estimar a dinâmica do desenvolvimento inicial de ambas espécies, e, iii) identificar os possíveis impactos dos aumentos projetados da temperatura do ar na duração da fase de muda, e na viabilidade financeira para a produção de mudas das duas espécies florestais em um viveiro florestal. Para atingir os objetivos i e ii foram utilizados dados fenológicos provenientes de experimentos conduzidos ao longo de doze datas de semeadura durante os anos de 2017 e 2018 em Itajubá, Minas Gerais. As três temperaturas cardinais foram estimadas através das metodologias estatísticas apropriadas. Os dois modelos de desenvolvimento – FIL e WE – foram calibrados e avaliados para condições experimentais. Para atender o objetivo iii foram utilizados dados de 13 modelos climáticos do sistema terrestre (MST) do NASA Earth Exchange Global Daily Downscaled Projections (NEX-GDDP) da nova geração do Coupled Model Intercomparison Project Phase 6 (CMIP6). O modelo de desenvolvimento (FIL ou WE) que apresentou melhor desempenho para as condições experimentais foi alimentado com as saídas dos MSTs simulados para o clima presente (CP, 1995-2014), e projetados para o futuro próximo (FP, 2041-2060) e futuro distante (FD, 2081-2100) em dois cenários de forçantes radiativas (SSP2-4.5 e SSP5-8.5). Além disso, a viabilidade financeira para produção de mudas de ambas espécies foi analisada pelo valor presente líquido dos custos para o CP, FP e FD. A C. antisyphilitica se desenvolve apropriadamente entre as temperaturas de 13 °C, 20 °C e 48,4 °C e P. regnellii entre 13,7 °C, 21,5 °C e 43,4 °C. Para a C. antisyphilitica os modelos FIL e WE foram notavelmente similares na estimativa do número de folhas emitidas ao longo do tempo (NFa) e duração da fase de muda (DFM), com erro de ~3.3 folhas e 25 dias, respectivamente. Por outro lado, o modelo WE foi ligeiramente superior para P. regnellii, com erro inferior a 2,06 folhas (NFa) e 13,1 dias (DFM). Os aumentos projetados da temperatura do ar entre ~ 1,1 °C e ~ 4 °C para Itajubá não deverão inviabilizar a DFM das duas espécies florestais, porém, poderão gerar perdas financeiras em viveiros florestais devido a necessidade de implementação de medidas de adaptação. Semeaduras simuladas entre janeiro a junho poderão ter reduções consideráveis na DFM para ambas espécies florestais (de até 36 dias). Diferentemente, as semeaduras simuladas de julho a dezembro poderão ter pequenos aumentos na DFM (entre 1 a 10 dias). De qualquer forma, será necessário adotar medidas adaptativas para manter a qualidade e vigor das mudas no FP e FD, as quais gerarão aumentos nos custos da produção de mudas de aproximadamente 9% a 137%. Aumentos mais significativos nos custos ocorrerão nos meses de agosto a novembro, exatamente nos quais os aumentos da DFM são projetados.