As múltiplas funções da agricultura familiar camponesa: práticas socioculturais e ambientais de convivência com o semiárido.

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2009
Autor(a) principal: ALVES, Arilde Franco.
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal de Campina Grande
Brasil
Centro de Humanidades - CH
PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS SOCIAIS
UFCG
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://dspace.sti.ufcg.edu.br:8080/jspui/handle/riufcg/2276
Resumo: A multifuncionalidade da agricultura pauta-se na compreensão de que a mesma, além de produzir alimentos e fibras, desempenha outras funções de fundamental importância na dinâmica de desenvolvimento rural. Este entendimento amplia o campo das funções socioeconômicas atribuídas à agricultura, deixando de ser entendida apenas como produtora de bens agrícolas. Então, partindo do pressuposto que as dinâmicas produtivas e sócioculturais decorrem de relações sociais próprias da agricultura, marcadas por inúmeras representações relacionadas à convivência com a semiaridez, utilizou-se como ferramenta analítica a noção de multifuncionalidade, para demonstrar a importância sociológica das múltiplas funções da agricultura familiar camponesa no contexto do semi-árido. Dessa maneira, permitiu analisar as diferentes funções e atividades exercidas pelas famílias de camponeses, enquanto características intrínsecas e necessárias aos estabelecimentos familiares, e enquanto funções essencialmente diferentes das funções econômicas produtivas, através da interação entre famílias e o meio-ambiente em sua dinâmica própria de reprodução social, considerando os diversos “modos de vida” das famílias na sua integridade. Metodologicamente a pesquisa esteve centrada nas famílias camponesas, valendo-se de questionários semi-estruturados, aplicados em uma amostragem de oito “sítios” de quatro municípios do Curimataú Ocidental – Agreste Paraibano e em seus territórios, com base em informações secundárias e em entrevistas com „atores sociais‟ locais, no sentido de apontar que essa diversidade de atividades é „produtora‟ de externalidades positivas de sustentabilidade ambiental. Os resultados ratificam pesquisas anteriores de que a agricultura perde a exclusividade do seu caráter produtivo e econômico, assumindo cada vez mais o caráter de um espaço de vida, „produtor‟ de externalidades e bens públicos. Também confirmam a hipótese, de que a demonstração das múltiplas funções da agricultura poderá apontar diretrizes para uma política agrícola, desde que específica às condições estudadas. Além disso, dadas as práticas de convivência com a semi-aridez (Barragens subterrâneas, tanques de pedra, cisternas de placas, etc.), confirmam parcialmente a segunda hipótese, de que as múltiplas funções contemplam, além da qualidade de vida, ações de Desenvolvimento Territorial Sustentável, devido a persistente desarticulação nas ações dos gestores públicos locais junto aos agricultores; Tampouco esses agricultores, visualizam os múltiplos papéis que cumprem ou são capazes de cumprir, enquanto „atores‟ desse rural distinto e diversificado. Contudo, há elementos que apontam na direção de um papel de coesão social, que a agricultura e/ou as atividades a ela ligadas podem propiciar, a exemplo da pluriatividade, da produção agropastoril (milho, feijão e caprinos) voltada para o autoconsumo e da política pública do PRONAF, este último confluindo na construção de um processo coletivo de organização dos agricultores.