Para além das fronteiras: as construções identitárias nas relações com os “outros” (um estudo de caso das relações entre colonos e assentados no oeste paranaense).

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2010
Autor(a) principal: SCHENATO, Vilson Cesar.
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal de Campina Grande
Brasil
Centro de Humanidades - CH
PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS SOCIAIS
UFCG
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://dspace.sti.ufcg.edu.br:8080/jspui/handle/riufcg/3897
Resumo: O presente estudo buscou abordar o tema das identidades e diferenças, tendo como local de investigação o distrito rural de São Salvador / Cascavel – PR. Procuramos compreender as interações entre membros da comunidade Linha São Roque entre si e destes com o vizinho Assentamento Colônia Esperança, tendo como embasamento teórico os estudos culturais sobre identidade (HALL, 2005); (WOODWARD, 2007; SILVA, 2007), atentando para o fato de que as interações ocorrem nas fronteiras entre os grupos (BARTH, 1998) onde se afirmam as identidades contrastivas do “nós” perante os “outros”. Contudo, e tendo por base tais referenciais teóricos, buscamos investigar o processo, enfatizando que a oposição identitária não é rígida, sendo preciso atentar para os fluxos sociais que atravessam tais fronteiras (HANNERZ, 1997). Tal perspectiva se coaduna com o entendimento de que o mundo rural não é homogêneo, mas multifacetário (WANDERLEY, 2000b) e foi o que visibilizamos através do uso da técnica da observação participante e da metodologia da história oral. Exercício de pesquisa que realizamos, tendo por universo os colonos e assentados, e que nos levaram a perceber que para o nosso entendimento de tais atores no presente, precisávamos nos reportar a história da própria região, na qual eles emergem e atuaram uns frente aos outros no passado e no presente, movimentando o jogo das identidades. Num primeiro momento, colonos classificam o diferente como sendo o indígena, o caboclo. Num segundo momento o grileiro, em meio a processos de (des) territorialização (HAESBART, 1997) e de legitimação de si e des-legimação do “outro” na re-ocupação espacial do Oeste paranaense. Em um contexto atual, ao analisar as relações identitárias entre colonos e assentados, percebemos que o ethos de trabalho se traduz em referencial principal para orientar os modelos ideais de pessoa do lugar, desta maneira, o entendimento daquele mundo rural heterogêneo, com identidades específicas não eliminam a referência a uma ética do trabalho familiar na terra de forma relativamente autônoma, se constituindo como modelo ideal de pessoa, que tem como parâmetro os colonos “fortes”. A inserção social dos que lutam pela terra, naquele cenário perpassa não só a ascensão a condição social de assentado, mas o desejo de continuarem nos lotes e serem reconhecidos como “fortes”. Tais construções sociais reveladas nesse estudo de caso, trouxe a percepção de que no decorrer da busca pela terra, ou para se manter na mesma, as relações sociais ali processadas envolvem não somente reciprocidades, solidariedades mas também conflitos, disputas por recursos públicos e legitimidade perante o Estado e a sociedade mais ampla. Ressaltamos, por fim, que os assentamentos geram impactos e são impactados nas e pelas coletividades locais, com os quais interagem socialmente, sendo (re) produzidas identidades e diferenças cotidianamente.