De luz e de sombra: as múltiplas tessituras do devir lésbico.

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2019
Autor(a) principal: PONTES, Carolina de Moura Cordeiro.
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal de Campina Grande
Brasil
Centro de Humanidades - CH
PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS SOCIAIS
UFCG
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://dspace.sti.ufcg.edu.br:8080/jspui/handle/riufcg/10238
Resumo: A Tese focaliza as maneiras e justificativas pelas quais as lésbicas, perante contatos mistos, decidem por se visibilizar ou se ocultar. Especificamente, analisamos um corpus constituído por entrevistas de onze mulheres que informaram manter relacionamento afetivo com outras mulheres. A perspectiva teórica se apoia na discussão do dispositivo da sexualidade e a influência de instituições/ciências como a Igreja, Medicina, Escola e Família, inspirada por Foucault, em “História da Sexualidade”, primeira parte e no debate sobre os processos sociais de estigmatização, manipulação da informação social e encobrimento feitos por Goffman em “Estigma: Notas Sobre a Manipulação da Identidade Deteriorada”. A metodologia utilizada é a Análise de Conteúdo e a História Oral, pressupondo uma abordagem que junta o enfoque qualitativo, a partir do indivíduo como centro de interesse da sua própria história. Dentre as conclusões mais significativas deste estudo estão as seguintes: as mulheres são “adestradas” pelas instituições como Igreja, Família e Escola para serem mãe e esposas dóceis a serviço do falo que domina e administra a vida pública. As lésbicas rompem com o patriarcado e com a heteronormatividade e, por isso, enfrentam duplo estigma: por ser mulher e por ser homossexual. Em geral, tais mulheres gostam de ser identificadas como “lésbicas”, uma vez que “gay” se refere a homossexuais masculinos e “sapatão” é uma terminologia pejorativa. A lésbica masculinizada aparece como uma subcategoria discriminada. Brincadeiras e roupas utilizadas na infância não traduzem, necessariamente, a futura orientação sexual. O processo de “descoberta” da orientação sexual implica na decisão de se revelar ou se ocultar para a família, amigos e colegas de trabalho e escola/faculdade. A visibilidade é diretamente proporcional à violência recebida, dentre as principais: a intrafamiliar e dentro dos relacionamentos afetivos. Observou-se, ainda, com relação à visibilidade episódios de discriminação por parte de amigos, desconhecidos e prestadores de serviço. Discrição, desidentificadores como vestimenta e trejeitos femininos parecem garantir uma identidade social virtual. De outro modo, guetos e espaços LGBT não desfrutam do mesmo prestígio, havendo generalizado sentimento de ocupação de todo e qualquer espaço. Por fim, a revelação da identidade pessoal implica o sentimento consolidado de autoaceitação e a construção, com o passar do tempo, de uma sociedade mais tolerante: ambientes familiares mais saudáveis para a compreensão da diferença e espaços de trabalho mais inclinados à diversidade.