Cinco, seis, sete, ...: vontades de verdade sobre a dança e os corpos que dançam fora da ordem do discurso dominante.

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2023
Autor(a) principal: BEZERRA, Morgana Guedes.
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal de Campina Grande
Brasil
Centro de Humanidades - CH
PÓS-GRADUAÇÃO EM LINGUAGEM E ENSINO
UFCG
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://dspace.sti.ufcg.edu.br:8080/jspui/handle/riufcg/36190
Resumo: A dança é atravessada por sentidos e significados provenientes de discursos hegemônicos que constroem territorialidades e marcam fronteiras, principalmente no que se refere às relações de raça, gênero, sexualidade e classe social. Logo, ela se inscreve como linguagem moldada e constituída a partir de diversos discursos presentes na sociedade que, consequentemente, atravessam os modos como os sujeitos irão vivenciá-la e apreendê-la ao longo da vida. Há, na dança, vontades de verdade que marcam fronteiras sobre quem pode e quem deve dançar, e, ainda, sobre o quê dançar. Dessa forma, há relações de saber e poder que delimitam e limitam a possibilidade da relação dança/corpo/sujeito, especialmente aqueles que estão fora do discurso dominante. Considerando tal problemática, essa pesquisa tem como questão norteadora: Como se constitui a relação discursiva dança/corpo para sujeitos que estão fora da ordem do discurso dominante na sociedade e/ou na dança? Para responder a essa questão, escolhemos como sujeitos de nossa pesquisa professoras/es de dança, considerando que elas e eles possuem uma experiência íntima e singular com tal linguagem, uma vez que a dança se estende do âmbito pessoal ao profissional. Desse modo, assumindo em determinado momento papel de centralidade e de modelo, esses sujeitos vivenciam diferentes perspectivas da dança contribuindo com o objetivo geral do estudo que buscou compreender a relação discursiva dança/corpo/sujeito na constituição de sujeitos professoras/es de dança, especificamente para aquela/es fora da ordem do discurso dominante. Nesse sentido, buscou-se a partir da utilização de entrevistas narrativas, os seguintes objetivos específicos: a) Reconhecer, nas materialidades das entrevistas realizadas, elementos que remetem à vontades de verdade dominantes e não dominantes sobre a relação entre a dança e os corpos que dançam; b) Caracterizar as formações discursivas que sustentam as narrativas dos/das professoras/es sobre a relação corpo/dança; c) Discutir as relações de saber-poder implicadas nos discursos sobre a dança e corpos dançantes. Assumiu-se, os pressupostos teóricos e metodológicos dos estudos discursivos foucaultianos (Foucault, 1996, 2008, 2015), destacando as vontades de verdade dominantes que reverberam nos corpos dançantes e que circulam por meio dos discursos, sustentados por formações discursivas excludentes como: o racismo, o machismo e o preconceito de classe, de gênero e sexualidade. Essas formações discursivas agem impondo fronteiras sobre quem pode e quem não pode dançar, bem como, quais corpos são mais adequados e quais danças lhes são permitidas dançar, sem que sejam vistos como “intrusos” e se tornem vulneráveis às violências que decorrem delas. Ao longo da investigação, foi possível perceber os corpos-territórios participantes da pesquisa para além de sujeitos que estavam fora da ordem do discurso dominante, suas trajetórias narradas, são exemplos de resistência frente aos investimentos do exercício do poder sobre seus corpos. Ressaltando, ainda, perspectivas para que seja possível olhar o lugar da dança enquanto linguagem na sociedade e principalmente dos sujeitos inseridos nessa prática social, de modo a evidenciar as relações de poder e de resistência que perpassam seus corpos-territórios na dança.