Escrit(ur)a de si nos emaranhados das redes socais: sentidos e efeitos na (re)construção da identidade do estudante do ensino médio.

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2016
Autor(a) principal: ARAÚJO, Maraiza de Moraes Valentim.
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal de Campina Grande
Brasil
Centro de Humanidades - CH
PÓS-GRADUAÇÃO EM LINGUAGEM E ENSINO
UFCG
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://dspace.sti.ufcg.edu.br:8080/jspui/handle/riufcg/12190
Resumo: Com a cultura digital antigas práticas de escrita, a exemplo da escrita de si, se reconfiguram e se propagam no ciberespaço. A escrita de si antes utilizada, apenas, para registrar, em letras ou em sons, os fatos da vida do eu e dos seus sentimentos, de forma privada, passa, na contemporaneidade, a ser constituída de múltiplas semioses e, com uma grande diferença, estar aberta a qualquer público. Logo, tomada pelas escrit(ur)as de si que os estudantes/adolescentes fazem na rede social Facebook, desejamos estudar a escrit(ur)a de si que esses aprendizes-adolescentes, de uma escola pública estadual fazem nessa rede. Almejando isso, estabelecemos duas questões para nortear essa pesquisa: i) Que sentidos são revelados na escrit(ur)a de si que o aprendiz-adolescente produz no facebook?; ii) Quais as repercussões de uma oficina pedagógica sobre o processo de (re)construção da identidade do aprendiz adolescente? Para tanto, concebemos como objetivo geral investigar os sentidos da escrit(ur)a de si na rede social facebook e seus efeitos de na (re)construção da identidade de sujeitos aprendizes-adolescentes. Quanto aos objetivos específicos, pretende-se identificar, descrever e analisar os sentidos dessa prática nessa rede social, bem como, avaliar os efeitos que a oficina “Escrita de si: a auto-representação online” teve na escrit(ur)a de si, bem com, na (re)construção da identidade dos participantes, tanto no momento de sua ministração quanto um mês após a sua finalização. À luz dos estudos e diálogos com os autores, como Foucault (1992 e 2003), Bakhtin( 1997[1979]) e (2002[1975) e Volochinov/Bakhtin (2006[1929]) e Bauman (2005), sobre escrita de si, alteridade e identidade, analisa-se as escrit(ur)as de si, dos alunos, realçando o dialogismo eu com outro nas estratégias discursivas utilizadas na narrativização de si. No que se refere ao aspecto metodológico, realiza-se uma pesquisa qualitativa, de abordagem etnográfica e netnográfica e de natureza descritiva. A coleta de dados dá-se a partir da observação participativa na oficina, a qual teve a participação de dezoito aprendizes-adolescentes da rede pública estadual, de faixa etária entre 14 a 17 anos e todos atores-redes. Os encontros da oficina permitiram tecer uma discussão da realidade da escrit(ur)a de si na rede social facebook, evidenciando as múltiplas linguagens utilizadas para o registro da escrit(ur)a de si, bem como os perigos e os riscos nas exposições acentuadas de informações pessoais; a partir do método netnográfico observa-se, de forma direta, as postagens de seis aprendizes-adolescentes, participantes da oficina, no facebook durante os meses que ocorreu a ministração da mesma, como também um mês após a sua finalização. Mediante a análise surgiram três categorias em relação à escrit(ur)a de si, que a luz de Scherer(2010) é categorizada em: revelação/encontro de si; captura de si e voo de si. Os resultados aportam que a construção discursiva mais recorrente entre os alunos é a revelação/encontro de si, isto é, os sujeitos revelam para o outro, os melhores momentos do seu dia, os sentimentos, os seus gostos e seus estados físicos. É válido dizer que essa escrit(ur)a acontece, frequentemente, por meio do selfie. Por outro lado, percebe-se que sujeito é fluído, posto que, no momento da oficina, teve-se a oportunidade de ouvir as contribuições desse trabalho pedagógico em relação ao cuidado que se deve ter com a exposição do “eu”. No entanto, após a oficina, volta-se a acompanhar as timelines dos sujeitos e observa-se que, a maioria deles, continuam com a mesma prática de outrora. O que permite concluir que os aprendizes-adolescentes buscam no(s) outro(s) o acabamento para serem atores-redes visíveis na era digital, não importando mais os valores rígidos, tais como, resguardar a intimidade e informações pessoais.