Da tradição gramatical à prática de análise linguística: o substantivo em livros didáticos de ensino médio.

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2014
Autor(a) principal: LIRA, Dayena Medeiros.
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal de Campina Grande
Brasil
Centro de Humanidades - CH
PÓS-GRADUAÇÃO EM LINGUAGEM E ENSINO
UFCG
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://dspace.sti.ufcg.edu.br:8080/jspui/handle/riufcg/27258
Resumo: O estudo das unidades linguísticas, no Brasil, tem sido marcado por profundas mudanças desde a década de 80 do século XX, quando a tradição gramatical começou a sair de foco dos estudos acadêmicos, valorizando-se a descrição e reflexão sobre a língua a partir de sua realização em textos elaborados pelos usuários em contextos reais de interação. Essas mudanças ocorridas na Academia têm repercutido no ensino, inclusive na elaboração de livros didáticos, sendo oficializadas por documentos parametrizadores (PCN e OCEM) e normatizadas pelo Programa Nacional do Livro Didático (PNLD), de caráter normativo/avaliativo. Interessa-nos, nesta dissertação, investigar a transposição didática do conteúdo substantivo em livros didáticos de português (LDP) voltados para o ensino médio, em três décadas consecutivas, relacionando sua abordagem à mudança de perspectiva ocorrida no âmbito acadêmico, da tradição gramatical à prática de análise linguística. Temos como objetivo geral comparar a abordagem do substantivo em coleções de LDP e como objetivos específicos: (1) analisar as tendências teóricas subjacentes à exposição do conteúdo nas coleções; e (2) analisar as tendências metodológicas presentes nesses mesmos LDP. Os dados foram constituídos por 4 coleções de LDP – escritas individualmente ou em co-autoria – entre os anos 1987 e 2010. Devido à natureza do corpus, esta pesquisa pode ser definida como documental (MOREIRA; CALEFFE, 2008; GIL, 1991), de natureza descritiva e interpretativista (MOITA LOPES, 1994; DENZIN; LINCOLN, 2006), enquadrando-se no paradigma qualitativo (CHIZZOTTI, 2008). Consideramos o livro didático como fonte histórica (LE GOFF, 1997) e documento de domínio público (SPINK, 1999). Dois eixos teóricos orientam a dissertação: um constituído pelos estudos tradicionais (CUNHA; CINTRA, 2007; BECHARA, 2004; SACCONI, 1994; ROCHA LIMA, 1992) e funcionalistas sobre o substantivo (NEVES, 2011; 2000; KOCH, 2009 2008; 2004a; 2004b; CASTILHO, 2010; AZEREDO, 2008) e outro referente a questões ligadas ao processo de transposição didática (LEITE, 2007; PETIJEAN, 2008 [1998]; HALTÉ, 2008 [1998]). A análise dos dados nos mostrou que a transposição didática do conteúdo substantivo apresenta flutuação de tendências nas coleções constituintes do corpus. Em relação à teoria, os autores parecem se desligar, progressivamente, da tradição gramatical, em direção à perspectiva funcionalista de ensino de língua. Contudo, esse movimento não é efetuado no plano metodológico, visto que os autores mantêm, nas quatro coleções, práticas predominantemente tradicionais. Consideramos que essa contraposição provém da complexidade das forças que movem a produção do LDP: de um lado, há tentativas de mudanças por parte da Academia e dos documentos oficias, e de outro, há a manutenção de práticas tradicionais legitimadas pela sociedade. Nesse entremeio, há, ainda, o interesse mercadológico por parte das editoras dos LD. Esses fatores refletem numa postura aparentemente contraditória por parte dos autores, que demonstram convicções e práticas difusas quando efetuam a transposição didática do substantivo.